Pé plano ou pé chato

O pé plano designa a ausência ou o abatimento da curvatura plantar normal, uma malformação muito comum que, além de provocar dores locais, pode ter repercussões noutros sectores do esqueleto.

Causas

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O pé é uma estrutura complexa com a missão de suportar o peso do corpo, quando o indivíduo permanece de pé e caminha. Em condições normais, a planta do pé é curva, tendo a forma de uma hemicúpula aberta até à parte interna, de modo a permitir a repartição do peso do corpo pelos vários pontos de apoio. De facto, enquanto que a parte anterior do pé e a zona do calcanhar estão em contacto com o chão, a zona média da abóbada plantar apresenta uma série de arcos longitudinais, cuja curvatura é mais pronunciada para o interior, e por uma série de arcos transversais, que apenas atingem o chão na extremidade externa. Estas curvaturas, que se formam ao longo dos primeiros anos de vida, dependem da forma dos ossos do pé, da pressão exercida pelos inúmeros ligamentos e pela acção dos vários músculos.

Em caso de pé plano, os arcos da abóbada plantar têm uma altura inferior à normal ou até estão ausentes, o que faz com que o calcanhar fique desviado em maior ou menor medida para fora. Embora o defeito possa ser provocado por inúmeros problemas, normalmente, é originado por uma excessiva lassitude dos ligamentos do pé relacionada com factores constitucionais, normalmente hereditários, podendo igualmente dever-se à existência de alterações nos ossos e nas articulações (malformações congénitas, sequelas de fracturas, doenças articulares), a uma grande debilidade da musculatura do pé e da perna (doenças musculares e neurológicas) ou, em particular nos adultos, devido ao excesso de peso.

É preciso destacar que o pé plano é uma deformação esquelética muito comum, porque o ser humano ainda não se encontra, de um ponto de vista anatómico e funcional, perfeitamente adaptado, por não ter evoluído o suficiente para suportar o peso do corpo sobre os dois pés.

Consequências

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Na maioria dos casos, o defeito é bilateral (em ambos os pés), desenvolvendo-se durante a infância, devido a uma debilidade dos ligamentos ou da musculatura dos pés. De início, a deformação não é muito pronunciada e pode até passar despercebida, sem provocar grandes dores, excepto quando se permanece durante muito tempo de pé ou após uma caminhada prolongada. Nesta fase, o problema pode ser resolvido através de um simples tratamento que fortaleça a musculatura dos pés, já que normalmente não se produzem grandes alterações osteoarticulares. No entanto, caso não seja devidamente tratado, o defeito pode, com o passar dos anos, tornar-se mais pronunciado, fazendo com que os ossos do pé acabem por se adaptar à deformação, que se torna permanente. Nesta fase, é habitual que a realização de longas caminhadas ou até o simples facto de permanecer de pé provoquem o aparecimento de dores nos pés, por vezes irradiando-se para as pernas. Por outro lado, o abatimento da abóbada plantar e o desvio do calcanhar para o exterior podem ter repercussões noutros sectores do esqueleto. Por exemplo, pode acontecer que, numa tentativa de compensar o defeito, os joelhos se desviem para dentro, proporcionando o desvio dos membros inferiores, o que se denomina de joelho valgo. Caso o abatimento da abóbada plantar seja mais acentuado num pé do que no outro, provocará uma diferença no comprimento de ambos os membros que, além de originar um coxear mais ou menos evidente, pode provocar um desvio compensatório da coluna vertebral (escoliose), com as suas consequências específicas.

Diagnóstico e tratamento

Topo O diagnóstico baseia-se na realização de um exame físico e de alguns exames complementares, como a visualização dos relevos plantares (podografia), um exame dinâmico da locomoção e radiografias. Os relevos plantares são muito úteis, pois revelam o apoio anómalo da planta do pé na zona que normalmente toca no chão. Por outro lado, as radiografias são essenciais para determinar a existência de alterações ao nível dos ossos. Quando o problema se manifesta na infância, costuma ser solucionado através de exercícios para a musculatura do pé, de calçado apropriado e, caso seja necessário, com a utilização de palmilhas ortopédicas. Na maioria dos casos, o defeito vai sendo progressivamente corrigido, acabando por adquirir a sua forma normal, ao fim de um determinado período de tempo.

Após a consolidação da deformação, normalmente na idade adulta, já não é possível recuperar o seu normal aspecto através de manipulações nem de exercícios, existindo apenas duas soluções possíveis, de acordo com o caso: a utilização de palmilhas ortopédicas ou a cirurgia.

A intervenção cirúrgica realiza-se, sobretudo, quando a deformação óssea provoca dores intensas ou quando a deformação é acompanhada por um evidente coxear.

Informações adicionais

O médico responde

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Parece-me que o meu filho de 2 anos tem os pés planos. Devo consultar um pediatra para confirmar se é necessário efectuar um tratamento?

Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que até aos 2 anos de idade é normal que exista um certo grau de pé plano, visto que o pé leva alguns anos a adquirir a sua forma definitiva. Para além disso, como o bebé tem pés grossos, o tecido adiposo subcutâneo forma uma espessa camada que dificulta a observação da abóbada plantar. Por isso, a melhor forma de observar a curvatura da planta dos pés consiste em examiná-la quando o bebé se mantém erguido sobre a ponta dos pés. Uma outra forma de observar a curvatura da abóbada plantar passa por pedir ao bebé que se mantenha apoiado sobre os calcanhares, com as pontas dos pés separadas do chão, algo dificil de fazer se tiver pé plano. O mais provável é que os seus receios sejam injustificados, mas a melhor forma de ficar perfeitamente descansada consiste em consultar um pediatra, já que a correcção do pé plano será muito mais fácil e eficaz quanto mais cedo o problema for detectado.

Pé cavo

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O pé cavo é o defeito contrário ao pé plano e caracteriza-se por uma abóbada plantar exagerada. A sua origem pode ser muito diversa, já que em alguns casos trata-se de uma malformação congénita, enquanto que noutros é provocado por problemas neurológicos (por exemplo, uma sequela de poliomielite) ou por problemas osteoarticulares.

Normalmente, a malformação manifesta-se de forma progressiva e apenas se evidencia por volta dos 10 ou 12 anos de idade: ao contrário do que normalmente acontece, enquanto caminha, a criança apoia, em primeiro lugar, a ponta do pé e, só depois, o calcanhar, o que perturba o andar e, sobretudo, o correr, provocando o aparecimento de dor nos pontos sobre os quais o peso do corpo incide.

Embora, inicialmente, seja possível travar a evolução do problema através de fisioterapia e da utilização de elementos ortopédicos específicos, quando a doença evolui, apenas se consegue corrigir o defeito através de uma intervenção cirúrgica.

Para saber mais consulte o seu Especialista em Medicina Física e Reabilitação ou o seu Ortopedista ou o seu Pediatra
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