Apendicite

É a inflamação do apêndice cecal e é uma doença que requer um tratamento cirúrgico e cuja gravidade depende da precocidade da operação: caso a intervenção seja rápida, não costuma provocar grandes problemas, mas caso seja demorada podem surgir complicações muito sérias.

Causas

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A doença inicia-se quando, por qualquer motivo, o orifício que comunica o apêndice com o interior do intestino grosso é obstruído - perante tal situação, os microorganismos da flora bacteriana intestinal encontram condições favoráveis para a sua excessiva proliferação, provocando a infecção.

O mais habitual é que o orifício de comunicação do apêndice com o cego seja bloqueado por uma acumulação de matérias fecais endurecidas, algo que acontece com frequência sempre que o apêndice fica um pouco mais largo do que o habitual ou caso apresente alguma variante anatómica com um ângulo muito fechado, dificultando a evacuação do seu conteúdo (por exemplo, caso tenha a forma de U, de S ou em espiral). Também pode acontecer que o orifício se obstrua por um corpo estranho que tenha sido engolido, como restos de alimentos não digeridos (sementes, caroços de fruta), parasitas (mais comum nas crianças) ou por um cálculo biliar (mais comum nos adultos).

Também é possível, embora em casos mais raros, que o apêndice seja comprimido por um tumor de algum órgão vizinho ou por eventuais cicatrizes existentes na zona. Pode suceder, inclusive, que o tecido linfóide das paredes do apêndice cresça exageradamente até bloquear o seu interior.

Qualquer que seja o motivo casual, que na maioria dos casos não se chega a identificar, as bactérias desenvolvem-se no interior do apêndice e infectam as suas paredes, provocando a consequente inflamação e congestão das mesmas. Caso não se faça nada para o remediar, as paredes do apêndice irão sofrer um rápido processo de deterioração (necrose) que culmina com a sua separação. Para além disso, a consequente perfuração permite a passagem do conteúdo do intestino para a cavidade abdominal, uma situação de extrema gravidade que pode pôr em perigo a vida do paciente.

Manifestações e complicações

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A apendicite costuma apresentar-se subitamente, sem manifestações prévias, apesar de, em alguns casos, existir como antecedente a existência de certas dificuldades digestivas durante os dois ou três dias anteriores.

Numa primeira fase, o sintoma principal, e geralmente o único, é uma dor abdominal. No início, a dor é mais ou menos intermitente e localiza-se na região superior do abdómen ou em redor do umbigo, apesar de se poder alastrar, em certos casos, de maneira difusa por toda a parede abdominal. Ao fim de cinco ou seis horas, a dor torna-se mais intensa e constante, localizando-se com maior precisão na zona do apêndice, ou seja, na região inferior direita do abdómen. Esta dor acentua-se com os movimentos, às vezes de forma tão intensa que obriga o paciente a manter-se praticamente imóvel.

Momentaneamente, o paciente costuma apresentar um quadro febril, com um aumento moderado da temperatura corporal, já que não costuma superar os 38,5°C, por vezes acompanhado de calafrios. Também costuma provocar náuseas e vómitos, embora não aconteça em todos os casos, bem como obstipação, com a ausência de evacuações e de gases. Sem tratamento, esta sintomatologia mantém-se durante 24 ou 48 horas, podendo então acontecer duas coisas: o problema sara espontaneamente ou surgem complicações. O principal perigo é que as paredes do apêndice fiquem tão deterioradas que acabem por se separar, provocando uma perfuração. Quando for o caso, é possível que a dor ceda temporariamente, o que não é nada tranquilizador, pois significa que o seu conteúdo, rico em bactérias, terá atravessado a cavidade abdominal, originando uma peritonite , ou seja, uma grave alteração caracterizada pelo aumento da temperatura e por um incremento da dor, acompanhada por uma contratura da musculatura abdominal.

Sem tratamento, o prognóstico desta complicação é sério, podendo até ter um desenlace fatal.

Tratamento

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O tratamento da apendicite passa quase sempre pela cirurgia - corresponde à extracção do apêndice, numa operação denominada apendicectomia. Trata-se de uma intervenção relativamente simples e que só raramente provoca quaisquer tipos de complicações. Por isso, é praticada sem que haja a certeza sobre o diagnóstico, pois mesmo que não se confirme a apendicite, o apêndice é retirado, apesar de aparentar um estado normal, para prevenir futuras inflamações.

Informações adicionais

Doença de crianças e jovens

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A apendicite é uma doença muito frequente: calcula-se que cerca de 10% da população sofre, ao longo da vida, um ataque de apendicite. Apesar de poder surgir em qualquer idade, é considerada uma doença típica de crianças ou adolescentes e dos jovens adultos: é excepcional antes dos 5 anos, sendo a sua incidência máxima entre os 10 e os 30 anos e raramente surge após os 50 a 60 anos.

Apendicectomia

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A extracção do apêndice efectua-se sempre poucas horas ....após a confirmação do diagnóstico de apendicite, depois de uma preparação básica. Por vezes, caso apareçam complicações, recorre-se à cirurgia de urgência. Para este tipo de intervenção cirúrgica, na zona do abdómen, requer-se que o estômago esteja vazio, de modo a evitar a propensão a vómitos aquando da anestesia. Nos casos de maior urgência, pode ser conveniente praticar uma lavagem gástrica, mas nos restantes basta esperar umas horas para que o estômago se esvazie espontaneamente.

Aproximadamente uma hora antes da intervenção, o paciente é medicado com antibióticos, para atenuar a ansiedade e reduzir os riscos de vómitos, procedendo-se de seguida à limpeza e à desinfecção da zona onde se praticará a incisão. Mesmo antes da intervenção, coloca-se o paciente a soro. Já na sala de operações, administra-se uma anestesia geral.

O cirurgião começa por efectuar uma pequena incisão na parte inferior direita do abdómen (1), separando as diversas capas de músculos e o peritoneu, até alcançar a cavidade abdominal e deixar a descoberto o cego. Então, extrai o apêndice até à superfície, liga-o pela base e faz um corte para separá-lo do cego (2), para finalmente se realizar a suturação (3). O órgão extraído é enviado para o laboratório para um exame microscópico. Finalmente, e depois de comprovar o estado dos órgãos próximos, o cirurgião fecha a parede abdominal. A intervenção dura, em média, cerca de 30 minutos.

Para saber mais consulte o seu Cirurgião Geral
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