O cólon irritável é uma patologia funcional do intestino, com uma evolução crónica, caracterizada por dores abdominais e diarreia e obstipação episódicas que, muitas vezes, aparecem em situações de stress ou tensão emocional.
Apresentação e causas
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A doença é muito frequente, apesar de a sua verdadeira incidência não ser conhecida com precisão, pois é difícil, muitas vezes, estabelecer o seu diagnóstico. Apesar de se manifestar antes dos 40 anos, muitas vezes na infância ou na adolescência, normalmente só se procede à consulta médica numa idade adulta. A doença pode manifestar-se em pessoas de ambos os sexos - porém, é mais frequente nas mulheres do que nos homens.A verdadeira origem da doença não se conhece; sabe-se apenas que não se deve à existência de lesões anatómicas e que se produz devido a uma alteração funcional dos movimentos intestinais encarregues de regular a passagem dos alimentos pelo tubo digestivo - estes movimentos tornam-se mais ou menos intensos ou frequentes do que o habitual, originando as manifestações próprias da patologia. À partida, poderia corresponder a uma simples reacção anómala do sistema nervoso autónomo, que por motivos desconhecidos responderia de forma inadequada perante situações de stress e provocaria, conforme os casos, um aumento ou uma diminuição dos movimentos intestinais. No entanto, trata-se realmente de um exagero do que ocorre normalmente, expressando-se com maior intensidade e frequência do que o habitual. Além disso, constatou-se que a doença está relacionada com factores do foro psicológico e que, muitas vezes, aparece em indivíduos que apresentam uma personalidade com traços neuróticos e que padecem de estados de ansiedade ou de depressão.
Evolução
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A doença é crónica, ou seja, de duração muito prolongada, mas normalmente evolui nas épocas em que a sintomatologia se acentua, intercaladas com períodos em que os sintomas são mínimos ou praticamente inexistentes. Há pessoas em que a crise apresenta-se quase sempre associada a uma situação de stress no meio laborai ou familiar, mas noutros casos esta relação não é tão constante. Em certas ocasiões, os períodos de agudização persistem apenas durante alguns dias, enquanto noutras mantêm-se durante algumas semanas ou vários meses. Apesar de tudo, esta doença, não é um obstáculo a uma vida normal, nem gera grandes problemas nutricionais, salvo casos esporádicos.
Manifestações
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O principal sintoma da patologia é uma dor abdominal, cujas características variam de caso para caso e, inclusive, nos diferentes ataques que o mesmo paciente possa sofrer: pode localizar-se em qualquer parte do abdómen, apesar de se apresentar com maior frequência no flanco esquerdo, e a sua intensidade varia desde um ligeiro incómodo a uma crise dolorosa tão forte que até pode provocar a incapacidade do paciente. Esta dor abdominal pode aparecer a qualquer momento do dia, mas nunca surge durante o sono, ainda que ceda ou seja atenuada após as evacuações ou a expulsão de gases.Uma outra manifestação característica da doença é a alteração do ritmo das evacuações, também elas com características muito variáveis. Habitualmente, provoca uma obstipação crónica, muitas vezes acompanhada de distensões abdominais e de alguma RIEM. De qualquer forma, pode periodicamente originar diarreia que, por vezes, se pode tornar persistente. Nestes casos, produzem-se várias evacuações por dia, sendo mais frequentes de manhã, e a matéria evacuada é escassa, mas de consistência pastosa ou semilíquida e, às vezes, misturando secreções mucosas com fezes.Outro sintoma habitual é uma sensação de impertinência abdominal após as refeições, por vezes acompanhada de arrotos e náuseas. Por outro lado, também é possível que, ocasionalmente, apareçam sintomas extradigestivos, devido à exagerada acção do sistema nervoso autónomo sobre outras partes do organismo, como crises de suor, palpitações, dores de cabeça ou dificuldades respiratórias.
Tratamento
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Que conste, não existe nenhum tratamento que cure definitivamente esta doença - só é possível proceder a um tratamento sintomático para combater a obstipação e a diarreia, bem como os restantes incómodos habituais. De qualquer forma, em muitos casos, e dada a relação existente entre o cólon irritável e factores psicológicos, pode ser útil recorrer a uma psicoterapia e até à administração de medicamentos ansiolíticos.
Informações adicionais
Como actuar face aos sintomas
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É muito comum que quem padeça ide de cólon irritável não aceite que os seus sintomas se devam simplesmente a uma alteração funcional, de índole psicológica, e pense que a sua origem advém de uma doença mais grave como, por exemplo, de um tumor digestivo, o que leva, muitas vezes, os pacientes a consultarem inúmeros médicos e a submeterem-se a diversos exames para conseguir diagnosticar a suposta doença responsável. Esta atitude não só é injustificada, porque a partir do momento em que se diagnostica a doença excluem-se desde logo outras patologias mais graves, mas com resultados contrários aos esperados, como pode gerar um estado de ansiedade que até pode piorar a situação. O melhor é que o paciente esclareça todas as suas dúvidas com o médico que diagnosticou a doença e estabeleça com ele uma relação o mais estreita e o mais estável possível.
A evitar
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Existem diversos medicamentos que são úteis para atenuar os sintomas durante a crise, mas devem ser sempre administrados segundo prescrição médica, pois podem ter efeitos secundários nocivos. Convém, por isso, evitar a automedicação.
O médico responde
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O meu marido padece de cólon irritável e devido a esta doença, por vezes, sofre de obstipação e de diarreia. Não existe nenhuma dieta que possa normalizar o funcionamento dos seus intestinos?
Apesar das muitas tentativas para minorar a evolução da patologia, baseadas nas mais diversas dietas especificas, o certo é que os resultados revelaram-se sempre infrutíferos. Como é óbvio, é necessário adaptar a alimentação aos diferentes períodos de obstipação e diarreias, por exemplo, aumentando o consumo de alimentos ricos em fibras vegetais, no primeiro caso, e preferindo outros mais ligeiros e de fácil digestão, no segundo caso. O mais conveniente é, em cada caso particular, diminuir ou suprimir a ingestão dos alimentos cujo consumo habitualmente implique um agravamento dos sintomas. Contudo, não existem quaisquer motivos para seguir uma dieta muito restritiva, com o intuito de deter a evolução da doença, pois esta deve-se a um mau funcionamento intestinal associado a factores de índole psicológica e não a questões alimentares.