O consumo regular de cocaína pode originar graves problemas, pois provoca uma intensa dependência psíquica.
Efeitos
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A cocaína, um alcalóide ou princípio activo extraído das folhas da coca, uma planta originária da América do Sul, é um potente estimulante do sistema nervoso central. Este efeito, consequente do aumento da secreção, prolonga a actividade dos neurotransmissores que originam e mantêm o estado de alerta.Os efeitos da cocaína variam de acordo com a sua forma de apresentação, via de administração e doses ingeridas. A cocaína costuma apresentar-se sob a forma de um pó branco que os consumidores costumam inalar. No entanto, em alguns casos, é igualmente possível fumar cocaína ou pasta de cocaína, o que provoca um efeito mais forte, por vezes misturada com o tabaco, podendo também ser administrada por via intravenosa, após ter sido diluída, com efeitos mais rápidos e intensos.Em doses baixas, a cocaína provoca basicamente um aumento da força, agilidade e resistência muscular, sensação de aumento das capacidades intelectuais, euforia e expansividade, perda de apetite e inibição dos mecanismos que desencadeiam o sono. Todos estes efeitos são característicos do estado de alerta. Em doses elevadas, o consumo de cocaína proporciona uma intoxicação aguda, que se manifesta por um grande estado de agitação psicomotora e por um maior ou menor grau de perturbação da personalidade, o que provoca delírios e alucinações de índole ameaçadora e persecutória. Nos casos mais graves, o intoxicado entra em estado de coma, podendo vir a falecer devido a um enfarte do miocárdio ou a uma paragem cardiorrespiratória.Um dos problemas mais graves consequentes do consumo de cocaína e de todas as drogas ilegais é o facto de a relação entre a concentração do produto e a composição da sua forma de apresentação, por vezes, não ser homogénea. De facto, o produto adquirido contém, em muitos casos, outras substâncias, como as anfetaminas, para que os seus efeitos sejam mais intensos, enquanto que noutras é mais fraca ou misturada com substâncias inactivas mais baratas, como o pó de talco. A principal consequência destas adulterações é o facto de o consumidor não saber ao certo a quantidade de produto que está a administrar, o que faz com que o excesso de doses e as intoxicações sejam mais frequentes, sobretudo quando a droga é administrada por via intravenosa.
Dependência
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Nas últimas décadas, o consumo de cocaína e derivados aumentou significativamente nas sociedades industrializadas. De facto, ao longo da década de 80, os seus efeitos e o elevado preço transformaram a cocaína num símbolo de poder de compra e comportamento liberal dos yuppies. No entanto, este tipo de consumo começou a diminuir de intensidade à medida que iam sendo difundidos os efeitos nocivos da sua dependência. Contudo, como actualmente começaram a surgir derivados da cocaína, como a pasta de coca, a preços mais baratos, embora mais prejudiciais, o seu consumo voltou a aumentar, sobretudo entre as classes sociais marginalizadas e desfavorecidas.Dado que a cocaína tem a propriedade de provocar dependência psíquica e síndrome de abstinência, podendo provocar graves manifestações e consequências, o seu consumo regular pode tornar-se viciante.Uma das consequências mais graves da dependência é a intoxicação crónica, que se pode evidenciar através de vários tipos de problemas mentais e físicos. O mais característico é a psicose cocaínica, que se manifesta através de falta de interesse, grande agitação psicomotora, irritabilidade, estado de ânimo depressivo, ideias ou tentativas de suicídio, insónias, perda de peso, alucinações e delírios de índole ciumenta de tom ameaçador e persecutório. São igualmente comuns determinadas lesões orgânicas, como a perfuração do septo nasal, sobretudo nos tecidos em que a droga é administrada.A síndrome de abstinência é de tal forma intensa que pode provocar a morte do indivíduo. Nestes casos, o paciente sente que não se consegue concentrar o suficiente para raciocinar, encontra-se irritado, ansioso e com insónias e queixa-se de palpitações e de uma sensação muito intensa de aperto no tórax. Muitos pacientes entram num estado depressivo que pode levar ao suicídio.
Tratamento
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Dado que a intoxicação aguda constitui um caso clínico muito grave, convém proceder-se à imediata hospitalização do paciente.O tratamento da dependência compreende três fases. Na primeira, deve-se fazer a desintoxicação do toxicodependente, sendo necessário o internamento num centro especializado, de modo a controlar e tratar a síndrome de abstinência. Na segunda fase, onde a colaboração dos familiares e amigos é fundamental, deve-se reforçar a perda do hábito. Por fim, deve-se ajudar o paciente, de acordo com o caso, na sua reinserção social.
Informações adicionais
As anfetaminas
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As anfetaminas são substâncias obtidas artificialmente a partir do alcalóide de uma planta denominada Ephedra vulgaris, tendo capacidade de provocar um efeito estimulante do sistema nervoso central semelhante ao da cocaína, pois diminui o cansaço, o sono e o apetite e provoca uma sensação de bem-estar. Há alguns anos atrás, estas substâncias eram utilizadas como medicamentos, sobretudo como complemento de tratamentos que visassem a redução do excesso de peso. Como têm tendência para provocar dependência, os médicos começaram a reduzir a sua utilização; contudo, verificou-se o aumento do seu consumo enquanto droga, ou seja, sem a indicação e controlo de um médico. De facto, algumas pessoas continuam a recorrer às anfetaminas com o intuito de perderem peso e outras com o objectivo de manter ou aumentar o rendimento físico e intelectual de forma artificial. Independentemente do objectivo do consumidor, as anfetaminas são substâncias tóxicas psicoactivas perigosas, pois podem provocar uma intoxicação aguda, que origina uma forte dependência psíquica e física, tolerância e síndrome de abstinência, enquanto que o seu consumo regular provoca dependência.
A intoxicação aguda manifesta-se por tremor, febre e, nos casos graves, delírios e convulsões. Por seu lado, a dependência pode provocar uma intoxicação crónica que dá origem a efeitos praticamente contrários aos da droga, ou seja, diminuição do rendimento físico e intelectual. Em alguns casos, também pode originar psicose anfetamínica, na qual predominam delírios persecutórios e ideias suicidas.