Perturbações de ansiedade

Designam um conjunto de alterações psíquicas e físicas que se manifestam quando uma pessoa se encontra num estado de alerta injustificado ou desproporcionado, tendo em conta a sua intensidade e duração.

Causas

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Sempre que um indivíduo se encontra perante uma situação que constitui uma ameaça para a sua integridade física, psicológica ou emocional, o organismo responde através da activação de vários mecanismos de alerta, que englobam uma série de reacções, tanto físicas como psicológicas, que em conjunto preparam o organismo de forma a que este possa responder à situação de stresse com maior eficácia.

O estado de alerta consiste em dois elementos muito característicos: a ansiedade, ou seja, uma sensação de intranquilidade ou insegurança e estado de espera penoso, e a angústia, que se expressa através de manifestações típicas, como uma sensação de opressão no tórax normalmente acompanhada por palpitações.

No fundo, estas reacções são normais e úteis, até certo ponto, pois são provocadas por uma série de alterações orgânicas essenciais para que o indivíduo possa enfrentar com uma maior capacidade de resposta situações que considere ameaçadoras. De qualquer forma, quando são produzidas de forma injustificada ou quando são muito mais intensas ou duradouras do que o normal, costuma provocar um quadro designado como perturbação da ansiedade.

Existem imensas causas, na sua maioria desconhecidas, para o aparecimento de problemas da ansiedade. Em primeiro lugar, como se constatou que estes problemas são muito mais frequentes no seio de algumas famílias do que no resto da população, actualmente, acredita-se que existe uma certa predisposição genética para se sofrer da doença.

Por outro lado, existem elevadas probabilidades de estes problemas poderem ser provocados por desequilíbrios na quantidade ou na actividade de vários tipos de neurotransmissores ou mediadores químicos que participam na transmissão dos impulsos nervosos. De facto, acredita-se que o aumento da quantidade ou da actividade da adrenalina e da noradrenalina, neurotransmissores que activam o estado de alerta e preparam o organismo para a luta ou para a fuga, bem como a redução na quantidade ou actividade do ácido gama-aminobutírico (ou GABA), um mediador químico do sistema nervoso central com um efeito tranquilizante, podem desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento das perturbações da ansiedade.

Por último, ultimamente ficou claro que existem vários aspectos psicológicos e sociais que desempenham um papel essencial no aparecimento dos problemas de ansiedade. De facto, detectou-se que os indivíduos que têm uma personalidade dependente, caracterizada pelo desenvolvimento de laços afectivos e sociais de dependência, onde predominam os sentimentos de insegurança e dúvida, têm uma especial predisposição para serem afectados, ao longo da vida, por perturbações da ansiedade.

Tipos e manifestações

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Basicamente, existem dois tipos de perturbações de ansiedade: ansiedade generalizada e ataques de pânico.

Ansiedade generalizada.Neste caso, as manifestações costumam manter-se ao longo de períodos de tempo mais ou menos prolongados. O principal sintoma é a própria ansiedade, que os pacientes descrevem como uma injustificada sensação de intranquilidade, insegurança e de um certo receio pelo futuro. Para além disso, costumam evidenciar-se determinados sinais e sintomas físicos, semelhantes aos que se manifestam em caso de estado de alerta normal, embora aqui sejam mais intensos e duradouros: palpitações e dores no peito, que se podem designar como angústia, sensação de falta de ar, secura bucal, crises de suores, tremor, tonturas e instabilidade, náuseas, tensão, dores musculares, tiques, dores abdominais, diarreia ou obstipação e uma agitação psicomotora.

Por outro lado, a persistência da ansiedade costuma perturbar algumas funções orgânicas, como o sono, a sexualidade ou a capacidade de atenção e concentração, o que provoca o aparecimento de insónias, sonolência diurna, inibição do impulso sexual, dificuldade de erecção e uma diminuição do rendimento intelectual.

Ataques de pânico. Igualmente denominados crises de angústia, são episódios repentinos de profunda ansiedade, em que a pessoa afectada se sente ameaçada, injustificadamente, por um grande perigo, podendo ter a sensação de morte iminente. As manifestações mais comuns dos ataques de pânico são a angústia, perceptível por uma intensa dor no peito acompanhada de palpitações, sensação de aperto e falta de ar e pelos outros sinais e sintomas físicos típicos da ansiedade generalizada. Embora se consiga, na grande maioria destes episódios, conservar a racionalidade, em alguns casos, o pânico é tão intenso que o paciente perde o controlo sobre si próprio e tem a sensação de poder estar a enlouquecer.

Apesar de os ataques terem uma duração variável, normalmente, duram entre alguns minutos a cerca de duas horas. Por vezes, podem ser antecedidos por uma alteração súbita de humor, mas geralmente não é possível detectar eventuais circunstâncias que os tenham desencadeado.

A evolução da doença é igualmente variável e, caso não se proceda ao oportuno tratamento dos ataques de pânico, estes têm tendência para se repetirem periodicamente durante alguns anos, o que perturba a estabilidade emocional do paciente. Para além disso, nas suas fases iniciais, o paciente costuma relacionar os ataques com problemas cardíacos, pulmonares ou digestivos, o que o leva a consultar vários especialistas até que seja comprovada a não existência deste tipo de alterações. É igualmente comum que o paciente tente identificar e evitar as circunstâncias que, no seu entender, terão desencadeado as crises - para além de ser um acto perfeitamente inútil, é igualmente perigoso, pois acaba por provocar o desenvolvimento de fobias, atitudes preventivas irracionais e complexas. Esta situação só vai aumentar a ansiedade nos momentos de relativa calma - um fenómeno denominado "ansiedade antecipatória" -, o que frequentemente conduz o paciente a um estado de ansiedade generalizada. Por fim, nos casos mais graves, pode acabar por se desenvolver uma agorafobia, em que o paciente tem tendência para ficar isolado e fechado em casa, com medo de se expor a qualquer das circunstâncias que erradamente identificou como desencadeadoras das crises de pânico.

Informações adicionais

Tratamento

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Psicoterapia de apoio: consiste em tentar ajudar o paciente a identificar os conflitos que motivaram o problema, em superar a sua insegurança e em fomentar a sua adaptação ao meio familiar, social e profissional. No caso de fobias, costuma-se recomendar uma psicoterapia comportamental.

Administração de medicação tranquilizante ou ansiolítica: dado que estes medicamentos têm o efeito específico de reduzirem a ansiedade, normalmente, recomenda-se a sua administração à noite para que não provoquem sedação durante o dia.

Medidas gerais: nos casos em que for conveniente, é recomendável a aprendizagem de uma série de técnicas de relaxamento que diminuam a tensão muscular, um sono mais harmonioso, a adopção de uma alimentação saudável e, eventualmente, a separação temporária ou definitiva do paciente do seu meio profissional ou social.

Para saber mais consulte o seu Pedopsiquiatra ou o seu Psiquiatra
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