Traumatismos medulares

Os traumatismos medulares provocam alterações sensitivas e motoras abaixo do nível da lesão, originando problemas irreversíveis ou de recuperação variável, conforme a deterioração sofrida pelo tecido nervoso, a sua extensão e localização.

Causas

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Os acidentes de viação, de trabalho, desportivos ou de qualquer outro tipo que provoquem uma lesão ou um movimento brusco da coluna vertebral podem originar traumatismos na medula espinal situada no canal raquidiano. Não existem dúvidas de que a principal causa de traumatismos medulares, sobretudo nos países desenvolvidos, corresponde aos acidentes de viação, quer seja de automóvel, em especial quando os passageiros não levam cinto de segurança, ou de mota, nos quais o condutor pode ser impulsionado após o impacto. As quedas em altura, muito frequentes nos acidentes de trabalho, também podem provocar fracturas ou um esmagamento das vértebras que origine lesões medulares.

Por fim, é preciso mencionar as feridas profundas provocadas por armas de fogo ou armas brancas que perfuram a medula espinal e os efeitos sobre a mesma da onda expansiva consequente de explosões mais ou menos próximas da vítima.

Tipos

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É possível distinguir vários tipos de traumatismos medulares, com diferentes consequências, de acordo com o seu mecanismo causador e as características das lesões.

O tipo mais simples e menos grave é a comoção medular, que costuma ser provocada por um movimento brusco e forçado da medula espinal no interior do canal raquidiano, cuja inflamação, embora não chegue a provocar a destruição de tecido nervoso, origina a compressão do mesmo e as correspondentes manifestações, normalmente reversíveis.

A contusão medular costuma ser mais grave, pois favorece uma maior ou menor destruição do tecido nervoso, o que consequentemente origina problemas irreversíveis.

O tipo mais grave é a laceração medular, quando provoca uma ruptura da medula, denominada secção medular, que se for total provoca uma perda irreparável das funções nervosas abaixo do ponto da lesão.

Por outro lado, o traumatismo pode provocar uma hemorragia e a consequente acumulação de sangue no interior da medula espinal (hematomielia) ou entre as membranas das meninges que revestem a medula e a coluna vertebral (hematoma espinal epidural), provocando a consequente compressão do tecido nervoso e a alteração mais ou menos permanente das suas funções.

Consequências

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As repercussões dos traumatismos medulares dependem da sua gravidade e localização. Na grande maioria dos casos, estes traumatismos costumam afectar, com maior ou menor gravidade, a sensibilidade e mobilidade abaixo do ponto da lesão, pois costumam alterar ou interromper a transmissão dos impulsos nervosos provenientes da periferia, encaminhados para o encéfalo através da medula, e também a condução dos impulsos nervosos motores enviados pelo encéfalo em direcção à periferia, igualmente através da medula.

Uma simples comoção medular pode provocar vários problemas sensitivos como dor, formigueiros, sensação de queimadura ou perda de sensibilidade, abaixo da zona da lesão, e problemas motores como debilidade muscular (paresia) ou paralisia. De qualquer forma, estas alterações podem ser reversíveis, caso o tecido nervoso não tenha sido muito danificado. Por outro lado, uma laceração medular pode provocar problemas irreversíveis, com repercussões que variam de acordo com a extensão e nível da lesão. Se o corte da medula for total, costuma provocar vários problemas sensitivos e motores. Por outro lado, quando a lesão é apenas parcial, as repercussões costumam variar, com um predomínio das manifestações motoras, se for afectada a parte anterior da medula, e um predomínio das manifestações sensitivas, se a parte mais afectada for a posterior. Caso a lesão seja total e se situe na região cervical da medula, as lesões nos nervos que controlam a respiração podem provocar a morte do paciente e, mesmo que o paciente sobreviva, pode ser afectado por uma perda da sensibilidade do pescoço para baixo, paralisia dos braços e das pernas (tetraplegia) e uma possível perda do controlo vesical e intestinal, com a consequente incontinência urinária e fecal. Por outro lado, caso a lesão seja produzida mais abaixo, os problemas sensitivos e motores apenas afectam uma parte do tronco (de acordo com o segmento dorsal danificado) e ambos os membros inferiores, com paralisia das pernas (paraplegia) e possível incontinência urinária e fecal.

Tratamento

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O tratamento passa por procurar manter a coluna vertebral o mais estável possível, de modo a evitar o agravamento da lesão e facilitar a recuperação do paciente. Em alguns casos, é necessário recorrer-se à realização de uma tracção da coluna vertebral através de uma intervenção cirúrgica, após a qual é imprescindível um período de repouso absoluto. De qualquer forma, não existe qualquer método para reparar o tecido nervoso lesionado. De início, o tratamento apenas visa impedir que se desenvolvam eventuais complicações, como úlceras de decúbito, já que estas podem ser favorecidas pela imobilidade e pela perda de sensibilidade.

Posteriormente, o tratamento passa pela reabilitação, através das indicações fisioterapêuticas mais adequadas a cada caso em particular, com o objectivo de evitar contraturas e atrofias musculares, de forma a favorecer a total recuperação das funções alteradas - o objectivo final é que o pa- ciente consiga o maior grau de autonomia possível.

Informações adicionais

Prognóstico

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Os traumatismos medulares consideráveis, independentemente do tipo, costumam imediatamente provocar um choque medular, o que provoca urna perda sensitiva e motora abaixo do nível da pele, perda dos reflexos e o controlo dos esfíncteres, bem como a danificação da inervação dos órgãos internos. A duração desta situação é variável, conforme a intensidade do traumatismo e o tipo de lesão produzida. Caso seja urna comoção ligeira, é possível que ao fim de algumas horas ou poucos dias haja uma melhoria, com a recuperação dos reflexos, da força muscular e da sensibilidade. Por outro lado, sempre que urna contusão ou laceração medular provoque urna lesão do tecido nervoso, a recuperação depende da extensão da lesão. Embora na maioria dos casos provoque uma perda da sensibilidade e urna paralisia mais ou menos completa abaixo do nível da lesão, por vezes, é possível recuperar os reflexos e controlar os esfíncteres. Independentemente dos casos, regra geral, apenas se consegue verificar as suas consequências definitivas cerca de seis meses após o acidente.

Para saber mais consulte o seu Neurocirurgião ou o seu Neurologista ou o seu Neurorradiologista
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