Tumores intracranianos

O crescimento de um tumor no interior do crânio provoca a progressiva compressão das estruturas encefálicas, o que pode originar alterações graves.

Tipos

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O interior do crânio pode ser o local de desenvolvimento de vários tumores primários, originados nos diferentes tecidos que formam as estruturas intracranianas por causas ainda desconhecidas, e de tumores secundários (metástases) provenientes de focos cancerosos noutros órgãos.

Gliomas. Nascem na neuróglia, as células de sustentação dos neurónios, participando na sua nutrição e defesa. É possível distinguir vários tipos que, em conjunto, representam metade dos tumores intracranianos primários. Os astrocitomas, originados nos astrócitos, costumam desenvolver-se no cérebro, no tronco cerebral e no cerebelo, sendo esta a sua localização mais frequente na infância. Neste grupo, o mais frequente nos adultos é o glioblastoma, de natureza maligna, que se desenvolve nos hemisférios cerebrais e tem tendência para invadir outros tecidos. Os oligodendrogliomas, derivados dos oligodendrócitos, afectam essencialmente os mais jovens, são circunscritos e costumam desenvolver-se nos lobos frontais do cérebro. Os meduloblastomas são originados nas células embrionárias do cerebelo, costumam aparecer durante a infância e são muito malignos. Os ependimomas derivam das células que revestem as paredes dos ventrículos cerebrais, sendo igualmente mais frequentes na infância.

Meningiomas. Originam-se nas células que constituem as membranas que revestem o encéfalo e representam 20% dos tumores intracranianos. Normalmente, desenvolvem-se na linha média do cérebro, são circunscritos e têm um crescimento lento.

Neurinomas. Costumam originar-se nos nervos cranianos, a partir das células de Schwann responsáveis pela elaboração das bainhas de mielina que revestem as fibras nervosas. O mais frequente é o neurinoma do acústico (par craniano VIII), que costuma ter um crescimento lento.

Tumores da hipófise e da glândula pineal. Existem vários tipos de tumores que se desenvolvem na hipófise, a glândula que se situa na base do cérebro com a missão de regular o sistema endócrino. Os craniofaringeomas são tumores cranianos originados nas células embrionárias pertencentes à hipófise. Os adenomas hipofisários são tumores originados nas células glandulares pertencentes à hipófise e destacam-se por serem capazes de produzir hormonas em quantidades exageradas.

Os pinealomas são tumores originados na glândula pineal, uma pequena estrutura cerebral com funções pouco conhecidas no ser humano.

Tumores vasculares. Tumores originados nas células, que constituem os vasos sanguíneos, com a missão de irrigarem o encéfalo. O mais comum é o hemangioblastoma, que se costuma situar no cerebelo.

Metástases. São tumores malignos que correspondem à disseminação de outros focos primitivos situados nos diferentes órgãos, cujas células chegam ao encéfalo através da circulação sanguínea. Constituem cerca de 10 a 20% dos tumores intracranianos e são essencialmente originados a partir de cancros do pulmão, mama, pele, rim e aparelho digestivo.

Manifestações

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Os sinais e sintomas dos tumores intracranianos são muito variados, pois estão dependentes da sua natureza benigna ou maligna, da sua localização e das estruturas encefálicas comprimidas ou destruídas durante a sua evolução. Existem algumas manifestações que são comuns aos tumores benignos e malignos, porque são provocadas pelo aumento da pressão no interior do crânio consequente do desenvolvimento do tumor. O sinto-ma inicial mais característico da hipertensão intracraniana é a dor de cabeça, de intensidade variável, mas sempre persistente e contínua, ao contrário das cefaleias de outra origem. São igualmente comuns os vómitos, provocados pela compressão do centro do vómito situado no tronco cerebral, tratando-se de vómitos bruscos que não costumam ser acompanhados por náuseas. As alterações da visão provocadas pela compressão dos nervos ópticos e dos vasos que irrigam os olhos são igualmente frequentes. Caso a hipertensão intracraniana seja muito grave, pode dar origem a uma grande compressão do tronco cerebral e à consequente danificação dos núcleos reguladores de funções vitais, como a respiração ou a actividade cardíaca, constituindo uma das principais causas de morte nas fases avançadas de crescimento do tumor.

Os tumores no córtex cerebral podem provocar crises convulsivas e problemas que originam alterações das diversas áreas cerebrais. Os tumores do lobo frontal costumam provocar paralisia, vários problemas mentais, perturbações da linguagem, etc.; os do lobo temporal, alucinações auditivas e gustativas, problemas da fala, etc.; os do lobo parietal, problemas da sensibilidade, dificuldade em realizar actos automáticos, etc.; os do lobo occipital, problemas visuais.

Os tumores do cerebelo provocam problemas no equilíbrio e na locomoção, tremores e descoordenação dos movimentos voluntários. Os tumores da hipófise provocam vários problemas endócrinos devido ao défice ou produção exagerada de hormonas e problemas visuais.

Os tumores do tronco cerebral provocam a paralisia de nervos cranianos e perturbações nas funções vitais. Os neurinomas costumam provocar perturbações no funcionamento dos nervos cranianos onde se desenvolvem.

Informações adicionais

Prognóstico

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Os tumores intracranianos, independentemente da sua natureza, são todos considerados uma doença potencialmente grave, já que constituem a segunda principal causa neurológica de morte, a seguir aos acidentes vasculares cerebrais. Como é óbvio, os mais perigosos são os tumores malignos, que invadem os tecidos saudáveis e têm tendência para se propagarem à distância, provocando metástases (tumores secundários). Todavia, ao contrário do que acontece noutras zonas do corpo, os tumores benignos que se desenvolvem no interior do cérebro são igualmente muito perigosos, pois embora não invadam os tecidos vizinhos, podem directa ou indirectamente provocar a compressão das estruturas responsáveis pelas funções vitais.

Como a gravidade dos tumores intracranianos está intimamente relacionada com a sua localização, a detecção dos mesmos é essencial para se considerar a possibilidade de proceder à sua extracção cirúrgica, pois embora a própria cirurgia possa ser perigosa, devido ao risco de possíveis lesões nas estruturas vitais próximas do tumor durante a cirurgia, esta permite uma significativa redução da mortalidade provocada pelos tumores intracranianos. De qualquer forma, graças aos avanços da tecnologia e ao aparecimento de métodos de diagnóstico que permitem identificar com precisão os tumores (tomografia axial computorizada, ressonância magnética nuclear) e ao constante aperfeiçoamento das técnicas neurocirúrgicas, actualmente, embora não se deva subestimar o seu potencial perigo, a maioria dos tumores intracranianos pode ser removido com reduzido perigo e com excelentes resultados.

Tratamento

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Após pós a detecção de um tumor intracraniano, o principal tratamento corresponde à sua extracção cirúrgica. No entanto, é um procedimento que apenas pode ser efectuado quando o tumor está acessível e quando é possível proceder à sua eliminação sem o risco de se danificar estruturas encefálicas vitais, mas felizmente grande parte dos tumores intracranianos surgem em zonas acessíveis. Para além disso, com as técnicas cirúrgicas modernas, os tumores podem ser totalmente removidos sem que a cirurgia provoque sequelas significativas nas zonas adjacentes. Contudo, existem outros tumores, como os gliomas do tronco cerebral, que não podem ser removidos através de uma intervenção cirúrgica. Outra forma de tratamento consiste no recurso à radioterapia, como complemento da cirurgia ou caso não seja possível realizar a operação, com o objectivo de reduzir as dimensões do tumor. No tratamento de tumores malignos, costuma-se recorrer à quimioterapia, combinada com outras formas de tratamento. É comum recorrer à administração de medicamentos para reduzir a inflamação que rodeia o tumor (corticóides) para atenuar os sintomas e, ao mesmo tempo, tomar medidas contra a hipertensão intracraniana.

Para saber mais consulte o seu Neurocirurgião ou o seu Neurologista ou o seu Neurorradiologista
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