Anatomia e fisiologia do pâncreas endócrino

O pâncreas, além de produzir enzimas digestivas, elabora duas hormonas, a insulina e o glucagon, que controlam os níveis sanguíneos da glicose.

Anatomia

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O pâncreas é um órgão glandular que apresenta uma forma alongada e cónica e está situado transversalmente na parte superior da cavidade abdominal. É possível distinguir três segmentos distintos no pâncreas: a cabeça, que corresponde a porção mais larga, orientada para a direita e adjacente ao duodeno , para onde desagua as suas secreções digestivas; o corpo, que corresponde à porção central e mais extensa, a qual cruza a cavidade abdominal até à esquerda, por trás do estômago e à frente da coluna vertebral; a cauda, que corresponde à porção mais fina e estreita, prolonga-se até à parte esquerda do abdómen, próximo do baço.

O pâncreas tem uma dupla função: por um lado, o pâncreas exócrino encarrega-se do fabrico e envio de enzimas digestivas para o intestino delgado; por outro lado, o pâncreas endócrino é o responsável pela elaboração e secreção das hormonas insulina e glucagon para o sangue.

Esta dupla actividade reflecte-se na anatomia do órgão, pois o pâncreas endócrino é composto por uma série de microscópicos grupos de células, os ilhéus de Langerhans, distribuídos por todo o órgão, embora principalmente na cauda, rodeados de acumulações de tecido pancreático responsáveis pelo fabrico das enzimas digestivas, os ácinos pancreáticos.

Os ilhéus de Langerhans, que constituem a porção endócrina do pâncreas, têm uma estrutura muito simples, pois apenas contam com dois tipos de células especiais: as células alfa, que fabricam glucagon, e as células beta, que produzem insulina. Ambos os tipos de células libertam as suas secreções para os pequenos capilares sanguíneos adjacentes.

Insulina

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É uma hormona de natureza proteica, constituída por uma série de aminoácidos unidos entre si. Embora as células beta dos ilhéus de Langerhans do pâncreas endócrino elaborem constantemente esta hormona, tanto a sua produção como a sua secreção até ao sangue dependem de vários mecanismos reguladores.

A produção de insulina efectua-se ao longo de várias fases, após as quais a hormona já madura é armazenada sob a forma de grânulos microscópicos no interior das células beta. A libertação da hormona para o sangue apenas ocorre quando as células beta recebem determinados estímulos específicos. Nestes casos, a parede dos microgrânulos dissolve-se na membrana celular, proporcionando a saída das moléculas de insulina das células e a sua consequente penetração nos capilares sanguíneos, de modo a serem levadas através da circulação a todo o organismo.

A insulina exerce a sua acção sobre receptores específicos que se encontram nas membranas de diversos tipos de células, nomeadamente nas células musculares, e adiposas. A acção principal da insulina é igualmente específica, pois quando esta hormona se fixa aos seus receptores, a parede celular fica permeável à glicose, o que possibilita a passagem deste nutriente, a principal fonte de energia das células, do sangue para o interior das células.

Embora a glicose consiga entrar livremente no interior de alguns tipos de células, como os neurónios, a maioria das células do organismo necessita da presença de insulina para ficar permeável a este nutriente. Ao favorecer a entrada da glicose no interior das células, a insulina tem um efeito básico hipoglicemiante, ou seja, reduz os níveis de glicose no sangue. Para além disso, esta hormona pancreática promove igualmente outros efeitos ocorridos no interior das células e que afectam o metabolismo de todos os nutrientes energéticos: hidratos de carbono, lípidos e proteínas.

Em relação aos hidratos de carbono, a insulina favorece a formação de glicogénio, um tipo de hidrato de carbono complexo formado por inúmeras moléculas de glicose unidas entre si. Para além disso, os depósitos intracelulares de glicogénio, que se formam especialmente no interior das células musculares e hepáticas, constituem uma significativa reserva energética.

Ao mesmo tempo, a insulina promove a formação de reservas energéticas lipídicas, pois favorece a utilização da glicose na obtenção de ácidos gordos e lípidos, que por sua vez se acumulam no interior dos adipócitos.

Por fim, a insulina estimula a formação de proteínas, pois facilita igualmente a entrada dos aminoácidos do sangue para o interior das células e a sua consequente união para obter moléculas proteicas.

Em suma, a insulina contribui para a redução da concentração sanguínea de glicose, promove o fabrico de depósitos energéticos de hidratos de carbono e de gorduras e estimula a síntese de proteínas.

Informações adicionais

Oglucagon

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O glucagon é a hormona fabricada pelas células alfa dos ilhéus de Langerhans do pâncreas. A acção específica mais importante desta hormona é promover a degradação do glicogénio armazenado nas células hepáticas e propiciar a saída para o sangue das moléculas de glicose geradas a partir deste processo metabólico. Todavia, o glucagon tem uma acção hiperglicemiante, ou seja, contrária à da insulina, pois favorece o aumento da concentração de glicose no sangue. De qualquer forma, o glucagon desempenha uma outra função, em que actua sobre as células beta do pâncreas ao estimular a produção e secreção de insulina, de modo a garantir uma actividade equilibrada de ambas as hormonas. No fundo, é um efeito que pretende regular a actividade de ambas as hormonas para que a glicemia se mantenha sempre dentro de determinados limites.

Insulina e glicose em acção

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A glicemia, ou seja, a concentração de glicose no sangue e a produção e secreção de insulina pelas células beta do pâncreas, é submetida a um mecanismo de controlo mútuo. Quando os valores de glicemia sobem, as células beta do pâncreas produzem e libertam mais insulina para o sangue, dando origem a uma menor concentração de glicose no sangue. Pelo contrário, quando a glicemia atinge os seus níveis mínimos, a produção e secreção de insulina diminuem consideravelmente. O objectivo final deste mecanismo de controlo é conseguir que a glicemia não ultrapasse determinados limites, pois caso seja demasiado elevada pode provocar um grave quadro patológico capaz de conduzir a um estado de coma e, pelo contrário, caso desça abaixo de determinados valores, pode gerar uma doença conhecida como crise hipoglicémica.

Em condições normais, a concentração de glicose em jejum oscila entre os 70 e os 100 mg/100 ml de sangue. Por outro lado, a glicemia aumenta significativamente após as refeições, já que a glicose presente nos alimentos é massivamente absorvida pelas paredes do intestino delgado até ao sangue. Para além disso, as próprias células beta do pâncreas, ao detectarem este aumento de glicemia, respondem de duas maneiras: por um lado, libertam para a circulação sanguínea toda a insulina armazenada e, por outro lado, começam a produzir esta hormona em quantidades mais significativas. Algumas horas após a última refeição, a glicemia começa imediatamente a descer, em parte devido à acção da própria insulina, mas também devido à absorção de toda a glicose presente no tubo digestivo. Nestes casos, as células beta do pâncreas deixam de ser estimuladas, o que provoca uma redução da libertação de insulina aos seus valores minímos habituais em jejum.

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