Sindrome de Cushing

Designa o conjunto de manifestações provocadas por um excesso de produção das hormonas elaboradas pelo córtex supra-renal, originado por um hiperfuncionamento do tecido ou por um tratamento com medicamentos de acção semelhante.

Causas

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A síndrome de Cushing desenvolve-se perante qualquer factor que provoque um aumento anómalo da actividade do córtex supra-renal, sobretudo no que diz respeito à produção de cortisol - daí que a origem da doença possa ser muito variada.

A causa mais frequente corresponde a uma insuficiência no com produção de hormonas por parte do córtex supra-renal, no qual estão envolvidas outras duas estruturas do sistema endócrino: o hipotálamo e a hipófise. Quando este mecanismo de regulação falha, o que provoca um estímulo exagerado, o tecido do córtex supra-renal dilata-se (hiperplasia), o que leva a um aumento considerável na sua produção hormonal. Geralmente, este processo costuma ser provocado pelo desenvolvimento de um tumor da hipófise produtor de adrenocorticotropina (ACTH), hormona responsável pela estimulação do córtex supra-renal.

Em alguns casos, o problema também pode ser provocado por uma exagerada secreção do factor libertador de corticotropina (CRF) por parte do hipotálamo, que por sua vez condiciona uma exagerada produção de ACTH.

Embora com menor frequência, a alteração pode ser provocada por problemas do próprio córtex supra -renal, como o desenvolvimento de tumores benignos ou, ainda que de forma menos comum, de tumores malignos produtores de corticosteróides no tecido.

Em casos mais raros, o problema pode ser provocado por um tumor localizado noutras partes do organismo com a propriedade de fabricarem substâncias com efeitos semelhantes aos da ACTH e, por isso, capazes de estimular o córtex supra -renal.

Por outro lado, a síndrome de Cushing pode igualmente corresponder a um efeito adverso da administração excessiva ou inadequada de medicamentos corticóides, potentes anti-inflamatórios com uma estrutura química e funções similares às do cortisol. Estes medicamentos costumam ser utilizados durante períodos prolongados num grande número de doenças caracterizadas por uma inflamação crónica, como é o caso, por exemplo, da artrite reumatóide.

Manifestações

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O córtex supra-renal fabrica uma série de hormonas, como o cortisol, a aldosterona e os androgénios, que actuam sobre diferentes tecidos e órgãos, o que justifica o facto das manifestações da síndrome de Cushing serem muito variadas. De facto, as manifestações mais comuns costumam ser as provocadas por um excesso de cortisol, embora existam quase sempre alguns sintomas provocados pelo excesso de aldosterona e androgénios. Normalmente, os sintomas vão-se manifestando gradualmente, ao longo de vários meses ou anos.

O excesso de cortisol altera o metabolismo dos lípidos, das proteínas e dos glícidos, com várias consequências, entre as quais se destacam consideráveis alterações no aspecto físico.

Com o passar do tempo, o paciente adquire uma obesidade troncular, caracterizada pela acumulação de gordura na cara e no tronco, sobretudo no abdómen, uma vez que as extremidades ao perderem massa muscular, emagrecem. O rosto adopta um aspecto muito peculiar, conhecido como ''cara de lua cheia", pois torna-se arredondado e pletórico, enquanto o pescoço parece mais curto e largo, com uma típica dilatação da nuca conhecida como "corcunda". Ao mesmo tempo, a pele torna-se muito fina, lisa e seca, sendo muito comum o aparecimento de profundas estrias verticais de cor violeta no abdómen e nas nádegas.

Uma outra consequência habitual do excesso de cortisol é a perda de densidade dos ossos, ou osteoporose, que afecta essencialmente a coluna vertebral, manifestando-se através de dores e de uma tendência para as fracturas e esmagamento das vértebras, com todas as suas consequências.

Para além disso, costuma-se produzir um aumento da concentração sanguínea de glicose, o que pode provocar uma diabetes mellitus secundária.

Por outro lado, o excesso de aldosterona, uma hormona que favorece a retenção de líquidos, participando no controlo da pressão arterial, costuma evidenciar-se pelo aparecimento de edemas dos membros inferiores, aumento do peso corporal e hipertensão arterial.

Por conseguinte, o excesso de androgénios costuma tornar a pele mais gordurosa e seborreica, o que favorece o aparecimento de acne. Nas mulheres, provoca uma perda da menstruação e também hirsutismo, ou seja, um crescimento excessivo dos pêlos corporais.

Tratamento

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Quando a origem da síndrome de Cushing é um tumor ou a dilatação da hipófise, costuma-se recorrer a uma intervenção cirúrgica para se proceder à sua extracção ou à aplicação de radioterapia, de modo a reduzir o tamanho da lesão. Nestes casos, o paciente deve tomar as hormonas, que entretanto deixaram de ser produzidas pela destruição da hipófise, durante toda a vida.

Quando a causa da doença é uma alteração do próprio córtex supra-renal, por vezes, obtêm-se excelentes resultados através da administração de medicamentos que inibem a síntese de cortisol. Todavia, na maioria dos casos, costuma ser necessário proceder a uma intervenção cirúrgica, para extrair a glândula supra-renal afectada (adrenalectomia). Por vezes, é importante proceder à extracção de ambas as glândulas supra-renais e, nestes casos, o paciente deve submeter-se posteriormente a uma terapêutica hormonal substitutiva, que deve ser mantida ao longo da sua vida.

Se a causa da doença for a administração prolongada de fármacos corticóides deve-se avaliar as vantagens e desvantagens, pois o tratamento passa pela interrupção da terapia e pela sua substituição.

Informações adicionais

Cuidado com os corticóides!

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Os medicamentos corticóides, como a cortisona e alguns derivados, têm uma estrutura química similar ao cortisol e um efeito anti-inflamatório muito mais potente. Por isso, a sua utilização é essencial no tratamento de várias doenças inflamatórias crónicas, como acontece em caso de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide e lúpus eritematoso disseminado e com menor frequência na asma brônquica, a menos que não exista outra alternativa.

Quando recomendada pelo médico, a utilização destes medicamentos é plenamente justificada,  pois  o seu  efeito anti-inflamatório é muito eficaz. De qualquer forma, deve-se ter sempre em conta que os corticóides podem originar vários efeitos desfavoráveis e, caso sejam administrados em quantidades significativas durante muito tempo, podem provocar uma síndrome de Cushing.

De qualquer forma, os médicos têm sempre presente esta possibilidade; por isso, controlam sistematicamente os pacientes submetidos a este tipo de tratamento. Apesar de todas estas cautelas, em alguns casos, este temível efeito adverso acaba por se produzir, por exemplo, porque o paciente continua a tomar  a medicação por esta aparentemente fazer bem ou por não efectuar os controlos médicos periódicos. Nestes casos, tendo em conta as características específicas, o médico deve avaliar a situação e tomar a decisão mais correcta: continuar com a medicação, apesar dos seus efeitos adversos, devido às melhorias alcançadas, ou interrompê-la e substituí-la por outro tipo de terapêutica.

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