Qualquer insuficiência na secreção das glândulas paratiróides, quer seja um défice (hipoparatiroidismo) ou um excesso (hiperparatiroidismo), provoca uma alteração dos níveis sanguíneos de cálcio e as suas consequentes repercussões.
Hipoparatiroidismo
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Consiste num défice persistente na produção de paratormona, o que provoca uma diminuição dos níveis sanguíneos de cálcio (hipocalcemia), que se traduz numa série de alterações, sobretudo a nível da actividade neuromuscular.
Causas. O principal motivo para uma insuficiência nas paratiróides corresponde à lesão ou extracção destas glândulas ao longo de uma intervenção cirúrgica destinada a extrair a tiróide. Pode-se tratar de uma lesão cirúrgica acidental, devido à íntima relação anatómica entre as paratiróides e a tiróide, mas noutros casos pode ser um problema inevitável devido à total ressecção da tiróide, por exemplo no tratamento de um cancro. Embora com menor frequência, uma terapêutica com radioisótopos no tratamento de um hipertiroidismo ou de um cancro na tiróide pode ter as mesmas repercussões. Para além disso, existem alguns casos em que se desconhece a causa do hipofuncionamento.
Manifestações. A descida de cálcio no sangue provoca uma hiperexcitabilidade neuromuscular, cujas repercussões variam em função da intensidade da doença.Em caso de hipocalcemia brusca e significativa, produz-se um quadro denominado "crise de tetania". Este problema caracteriza-se pelo aparecimento de formigueiros, sobretudo nas extremidades e em redor da boca, juntamente com náuseas e vómitos, cefaleia, nervosismo e características contracções musculares espasmódicas.Em caso de descida moderada, mas persistente, da calcemia, surgem alguns sintomas que reflectem uma tetania não muito notória: debilidade muscular, cansaço e sensação de formigueiro nos membros, que podem ser acompanhados por problemas neurológicos, como movimentos anómalos ou crises convulsivas, e estados depressivos ou angústia. Em alguns casos, a doença manifesta-se igualmente por prurido cutâneo, calvície, predisposição para as infecções e perturbações do ritmo cardíaco.
Hiperparatiroidismo
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Consiste num aumento exagerado e persistente da produção de paratormona, o que provoca um aumento dos níveis sanguíneos de cálcio (hipercalcemia), originando uma série de alterações da actividade neuromuscular, dos rins e dos ossos.
Causas e tipos. Como a sua origem pode ser muito variada, é possível distinguir vários tipos de hiperparatiroidismo.Em caso de hiperparatiroidismo primário, a causa costuma corresponder ao desenvolvimento de um tumor benigno, do tipo adenoma, que ao escapar aos mecanismos de controlo normais segrega quantidades excessivas de hormona paratiróidea. Por outro lado, em alguns casos, pode-se tratar igualmente de um aumento de tamanho (hiperplasia) das quatro glândulas paratiróides. Em casos muito raros, a secreção hormonal exagerada é provocada pela presença de um tumor maligno.Em caso de hiperparatiroidismo secundário, a doença costuma ser provocada por uma outra alteração que origina hipocalcemia persistente: por exemplo, uma insuficiência renal crónica ou outra doença renal que provoque uma elevada eliminação urinária de cálcio, um défice de vitamina D ou uma alteração do tubo digestivo que impeça a adequada absorção de cálcio. Nestas situações, as paratiróides aumentam a sua produção hormonal, de modo a tentar reverter a situação, de tal forma que quando a sua actividade contínua muito persistente e quando o factor causador do hiperfuncionamento se normaliza, constitui um processo que corresponde a um hiperparatiroidismo terciário, para alguns autores.
Manifestaçöes. O aumento dos níveis sanguíneos de cálcio costuma provocar sinais e sintomas que traduzem a diminuição da excitabilidade do sistema nervoso e dos músculos: por exemplo, hipotonia muscular, debilidade e alteração do estado de consciência, que vai desde um estado de apatia e uma depressão ao aparecimento de delírios ou a um estado de coma. Além disso, também pode originar alterações do ritmo cardíaco, ou arritmias, que podem comprometer o funcionamento do coração. Por outro lado, a exagerada actividade da paratormona provoca repercussões nos ossos, que se descalcificam, tornando-se mais frágeis, e nos rins, que apresentam maior predisposição para a formação de cálculos urinários devido à elevada eliminação de cálcio na urina. Além disso, por vezes, a doença faz-se sentir ao nível do aparelho digestivo, com obstipação, dores abdominais, náuseas e vómitos.
Informações adicionais
Tratamento
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O tratamento difere consoante se trate de hipoparatiroidismo ou de hiperparati- roidismo.
Tratamento do hipoparatiroidismo.
Baseia-se na administração de cálcio, normalmente por via oral, associada a suplementos de vitamina D, de modo a facilitar a absorção intestinal do mineral. A dose deve ser ajustada através de controlos periódicos para assegurar que a calcemia se mantém dentro dos limites normais. Todavia, em caso de desenvolvimento de uma crise de tetania, deve-se recorrer à administração de cálcio por via intravenosa, para que a calcemia seja imediatamente normalizada. Para tal, o paciente deve ser internado num hospital, sendo normalmente necessários vários dias para que os valores de cálcio regressem à normalidade.
Tratamento do hiperparatiroidismo.
Em caso de hiperparatiroidismo secundário, o tratamento consiste na correcção do factor causador; em caso de hiperparatiroidismo primário, a terapêutica costuma ser cirúrgica, ou seja, proceder à extracção da glândula afectada, mas em caso de tumor maligno, para além da extracção da glândula afectada, deve-se fazer o mesmo aos gânglios linfáticos regionais e proceder à adopção das medidas complementares habituais de combate ao cancro (quimioterapia, radioterapia). Caso o problema resida numa hiperplasia difusa das quatro glândulas paratiróides, deve-se proceder à extracção de três delas e de parte da quarta, pois basta uma porção desta última para garantir a produção de níveis normais de paratormona. Contudo, em casos raros, esta actuação terapêutica pode provocar um quadro de hipoparatiroidismo, que deve ser tratado convenientemente.
O médico responde
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A minha irmã, como sofre de hipertiroidismo, vai ser submetida a uma intervenção cirúrgica. O médico diz que o problema da minha irmã irá melhorar significativamente com a operação, mas existe o risco de a mesma provocar um hipoparatiroidismo. Trata-se de um problema grave?
Embora o hipoparatiroidismo tenha repercussões graves, estas podem ser prevenidas com o tratamento adequado. Todavia, é muito importante que todas as pessoas na iminência de serem operadas à tiróide, interiorizem esta possibilidade, pois as paratiróides estão tão unidas à dita glândula que, por vezes, saem danificadas dessa intervenção cirúrgica. É por isso que os médicos, após uma intervenção a tiróide, efectuam controlos regulares aos níveis sanguíneos de cálcio, para averiguar eventuais lesões nas paratiróides. Quando se detectar que estas glândulas estão o lesionadas e não produzem uma quantidade suficiente de paratormona, deve-se indicar um tratamento baseado na administração de cálcio e vitamina D, de modo a garantir níveis sanguíneos de cálcio adequados. É muito importante que os pacientes respeitem as indicações terapêuticas e se submetam a revisões periódicas para ajustar o tratamento; caso contrário, podem ocorrer várias repercussões orgânicas. Contudo, a sua irmã pode estar tranquila, pois o médico já deve ter previsto esta possibilidade e tomará as medidas necessárias para evitar complicações.