A tiróide a uma glândula situada no pescoço, encarregue de produzir hormonas com efeitos consideráveis sobre todos os tecidos do corpo, pois provocam o estímulo do metabolismo orgânico
Anatomia
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A glândula tiróide situa-se na base do pescoço, imediatamente por baixo da laringe, revestindo a parte anterior da traqueia. A sua forma assemelha-se a uma borboleta, pois é constituída por dois lobos laterais, cada um com cerca de 4 a 6 cm de comprimento, 1,5 cm de largura e 2 a 3 cm de espessura, situados em ambos os lados da traqueia e unidos por uma estreita porção de tecido, denominada istmo. Em algumas pessoas, a glândula apresenta igualmente um pequeno prolongamento na parte superior, denominado lobo piramidal. Em condições normais, embora se encontre a um nível muito superficial, a tiróide não é perceptível no pescoço nem é palpável.
Estrutura interna. Qualquer glândula é rodeada por uma camada de tecido conjuntivo, da qual saem finos septos que atravessam o interior da tiróide e a dividem em inúmeros pequenos lóbulos. Por sua vez, cada um destes pequenos lóbulos contém dezenas de pequenos vesículas esféricas denominadas folículos. São verdadeiras unidades funcionais da glândula, cuja função é fabricar as principais hormonas tiróideas - a tiroxina e a triodotironina.Cada folículo é formado por uma fina parede constituída por uma única camada celular, estando o seu interior ocupado por uma substância de consistência viscosa denominada colóide. As células da parede do folículo têm uma forma cúbica, embora as suas dimensões variem segundo o estado funcional da glândula - por vezes, são pavimentosas, noutras ocasiões são cilíndricas. Estas células estão intimamente unidas de cada lado com as adjacentes, enquanto que a sua face superior constitui a superfície externa do folículo e a inferior, composta por microvilosidades, está em contacto di- recto com o colóide presente no seu interior.Por outro lado, entre os folículos existem outras células, isoladas ou em pequenos grupos, denominadas células parafoliculares ou células C. Estas células encarregam-se de fabricar outra hormona tiróidea - a calcitonina cuja função é definida juntamente com as hormonas paratiróideas.
Produção das hormonas tiróideas
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A principal função da tiróide a produção da hormona tiroxina, igualmente denominada tetraiodotironina, cuja denominação abreviada é T4, e triodotironina, ou T3. Estas hormonas que se distinguem pela sua composição em iodo, encarregam-se em particular do controlo do metabolismo interno do organismo, sendo também essenciais para o crescimento físico e o desenvolvimento mental das crianças. As duas hormonas, de acção semelhante, são elaboradas nos folículos tiróideos através do estímulo da hormona hipofisária tirotropina (TSH), cuja libertação depende, por sua vez, do factor hipotalâmico libertador de tirotropina (TRH).Sob a influência da tirotropina, as células foliculares recebem o iodo (I) do sangue e, por outro lado, sintetizam uma proteína denominada tiroglobulina. Posteriormente, como o iodo se une no interior das células as moléculas de tiroglobulina, através de várias formas, dá origem a dois produtos: a monoiodotironina, composta por um átomo de iodo, e a diodotironina, composta por dois. A consequente união destes produtos origina a formação de T3, com três átomos de iodo, e de T4, com quatro. As hormonas que nesta fase ainda se encontram unidas as moléculas de tiroglobulina são armazenadas no colóide presente no interior dos folículos, de modo a que, quando as necessidades orgânicas assim o determinarem, estas moléculas sejam enviadas para as células foliculares, onde uma série de reacções enzimáticas procede à sua desunião. Então, as hormonas são libertadas para o sangue, onde circulam livremente, podendo também ser transportadas por proteínas específicas ao longo de todo o organismo para que exerçam a sua função nos diferentes tecidos.
Função das hormonas tiróideas
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A tiroxina (T4) e a triodotironina (T3) têm uma acção muito semelhante, embora a última seja mais potente. Provocam em praticamente todos os tecidos orgânicos um aumento das reacções metabólicas. Por um lado, favorecem a síntese de enzimas oxidativas, o que provoca um maior consumo celular de oxigénio e posterior aumento da produção de calor, favorecendo a absorção intestinal de glicose e também a sua utilização como combustível pelas células, para que estas obtenham energia, tendo uma acção semelhante sobre os lípidos e proteínas. Por outro lado, os seus efeitos sobre diversos órgãos são semelhantes aos provocados pelo sistema nervoso simpático: por exemplo, originam um aumento da frequência cardíaca e aumentam a actividade neuromuscular.
Informações adicionais
Bócio
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O termo bócio designa a dilatação da tiróide que, por vezes, pode crescer
excessivamente, provocando uma evidente proeminência no pescoço. No entanto, o aumento do volume da glândula pode apresentar várias origens: em alguns casos, deve-se a um esforço da glândula para produzir uma quantidade suficiente de hormonas numa situação desfavorável, por exemplo, quando se consome pouco iodo; noutros casos, é provocado pelo desenvolvimento de uma lesão mais ou menos grave na glândula. Na verdade, como pode ser consequência de uma doença benigna ou maligna, o bócio pode ser acompanhado por uma produção hormonal suficiente ou também pela síntese deficitária ou exagerada de hormonas tiróideas.
Em suma, perante qualquer dilatação no pescoço é importante que esta seja imediatamente exposta ao médico, de forma a que este possa determinar a sua natureza.
Controlo da actividade tiróidea
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A função da tiróide é controlada pela actividade do eixo hipotálamo-hipofisário, já que as células foliculares da glândula respondem ao estímulo da hormona tirotropina (TSH) elaborada pela hipófise, cuja produção depende, por sua vez, de um factor libertador de tirotropina (TRH) elaborado pelo hipotálamo. No entanto, trata-se de um mecanismo de controlo muito específico, pois para que os níveis das hormonas tiróideas se mantenham constantes, a própria concentração sanguínea das mesmas constitui a principal condicionante da actividade do hipotálamo e, consequentemente, da hipófise. No fundo, trata-se de um mecanismo de retroalimentação negativa, ou seja, quando os níveis sanguíneos das hormonas tiróideas são muito elevados, o hipotálamo detecta-os e segrega uma quantidade menor de TRH, deixando de estimular a hipófise e, consequentemente, a produção de TSH. Desta forma, a produção de tirotropina desce, a tiróide é menos estimulada e a sua produção hormonal diminui. Contudo, caso os níveis das hormonas tiróideas desçam demasiado, o hipotálamo aumenta a sua secreção de TRH que, ao actuar sobre a hipófise, provoca o aumento da libertação de TSH, elevando a produção de tirotropina e estimulando a actividade da tiróide. Por conseguinte, mantém-se um delicado equilíbrio que garante níveis de hormonas tiróideas adequados às necessidades orgânicas em cada momento.