Os golpes e feridas na região do tórax podem provocar várias doenças designadas de traumatismos torácicos.
Causas
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As causas mais frequentes são os acidentes de viação. De facto, segundo dadosestatísticos, mais de metade dos acidentes de viação com vítimas mortais provocaram graves traumatismos torácicos, sendo estes directamente responsáveis pela morte das vítimas em sensivelmente 25% desses acidentes. Esta elevada mortalidade deve-se ao facto de o tórax conter o coração e os pulmões, órgãos considerados vitais, pois a interrupção da sua actividade provocada por qualquer lesão pode conduzir rapidamente à morte. Para além dos acidentes de qualquer tipo, existem outras causas frequentes de traumatismos torácicos: por exemplo, as lesões provocadas por armas de fogo e armas brancas e as agressões com todo o tipo de objectos contundentes, cortantes e pontiagudos.
Tipos
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É possível distinguir dois tipos de traumatismos torácicos em função das lesões na parede torácica.Nos traumatismos torácicos fechados, a parede do tórax parece não estar afectada exteriormente, não se observando hemorragias externas. As causas mais frequentes são acidentes de viação, pois mais de 70% das lesões devem-se ao impacto sofrido pelo condutor ou pelo acompanhante.Nos traumatismos torácicos abertos existe uma abertura na parede do tórax que provoca uma hemorragia externa mais ou menos intensa, conforme os vasos sanguíneos e os tecidos danificados. As causas mais frequentes são agressões com objectos duros e proeminentes, afiados ou pontiagudos, embora em acidentes de outro tipo também se produzam lesões abertas no tórax.
Consequências
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As lesões mais frequentes nos traumatismos torácicos são as fracturas ósseas. A mais comum é a fractura costal, ou seja, a ruptura de uma costela, por vezes múltipla, que se caracteriza por uma dor, por vezes muito intensa, situada junto ao local da lesão - esta agrava-se ao inspirar, tossir ou ao realizar movimentos. Normalmente, estas fracturas não originam complicações e, sobretudo com o tratamento adequado, curam-se sem deixar sequelas. Todavia, por vezes, em especial quando afectam pessoas que previamente sofreram de doenças pulmonares, podem favorecer o início de um processo infeccioso ou provocar uma insuficiência respiratória.Menos frequente é a fractura do esterno, que se caracteriza por uma dor muito intensa no peito, também acentuada ao inspirar e ao tossir. Igualmente menos comum, mas mais grave, é a fractura das vértebras dorsais, cujas manifestações podem ir desde uma dor intensa até a paralisia de um sector do corpo, dependendo da localização e natureza das lesões.Por vezes, os traumatismos torácicos provocam rupturas na pleura, a membrana que reveste os pulmões, o que provoca um pneumotórax, ou seja, a entrada de ar no espaço compreendido entre as duas membranas que formam esta estrutura. Esta complicação manifesta-se através de uma dor intensa e pontiaguda na zona do tórax afectada, que se acentua ao inspirar, embora possa ser atenuada quando se inclina o tronco para a frente. Necessita de cuidados imediatos, pois pode provocar uma considerável compressão pulmonar e a consequente insuficiência respiratória.Os traumatismos torácicos também podem provocar a ruptura de um vaso sanguíneo do interior do tórax, com diferentes repercussões conforme a natureza do vaso sanguíneo afectado. Por vezes, produz-se um hemotórax, ou seja, uma acumulação de sangue no interior do espaço pleural, com a consequente dificuldade respiratória. Se a hemorragia for difusa, como acontece frequentemente em caso de ruptura da aorta, pode desencadear o choque ou colapso cardiovascular que coloca a vida em perigo.Outra consequência frequente dos traumatismos torácicos são as lesões pulmonares, quer sejam contusões, quer a ruptura do tecido pulmonar. Daqui resulta um maior ou menor grau de insuficiência respiratória, se forem extensas, ou cortes, pois as feridas no pulmão podem provocar um pneumotórax, um hemotórax, hemorragias nasais e expectoração com sangue (hemoptise).Nos traumatismos torácicos, o coração também pode ser afectado. Pode-se tratar apenas de uma simples contusão, mas também podem surgir complicações muito graves, como a ruptura do miocárdio, ou seja, a ruptura da parede cardíaca, e o hemopericárdio, a acumulação de sangue no espaço compreendido entre os dois folhetos pericárdicos, a membrana que reveste o coração. As manifestações variam bastante de caso para caso, pois podem ir desde ligeiras alterações do ritmo cardíaco, provocadas por uma contusão, até uma súbita insuficiência cardíaca provocada por um hemopericárdio ou um grave choque cardiovascular em caso de ruptura do miocárdio.Por fim, os traumatismos torácicos abertos evidenciam sempre uma hemorragia externa de maior ou menor grau, que nos casos mais graves pode conduzir a um estado de choque ou a um colapso cardiovascular.
Informações adicionais
Primeiros socorros: retalho costal
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Denomina-se de retalho costal uma grave complicação dos traumatismos torácicos provocada pela produção de inúmeras fracturas em diferentes pontos de costelas vizinhas, que origina a "separação" de um sector da parede torácica. De facto, este sector isolado move-se de uma forma independente e dessincronizada do resto da parede torácica, ou seja, durante a inspiração retrai-se para fora. Estes movimentos atípicos podem provocar a deslocação dos órgãos internos, o que altera consideravelmente a sua funcionalidade, até ao ponto de poder originar, muitas vezes, uma insuficiência respiratória e/ou uma insuficiência cardíaca graves.
Por isso, é fundamental que a vítima receba cuidados médicos urgentes, porque a sua vida está em sério perigo. Contudo, até à chegada da assistência médica, devem ser adoptadas as medidas que impedem o movimento dessincronizado da zona da parede torácica, que funciona de maneira isolada, o que pode ser obtido através de várias técnicas:
• Efectuar uma compressão manual na zona, mas contínua, de modo a impossibilitar os movimentos dessincronizados em relação a parede torácica.
• Caso não seja possível manter a compressão manual, por exemplo, por necessidade de atender outras vítimas, deve-se colocar na zona afectada um peso de aproximadamente 4 a 5 kg.
• Caso o estado da vítima o permita, deve-se colocá-la em decúbito lateral sobre o lado afectado, de modo a que o próprio peso do seu corpo comprima a parede torácica.