0 enfisema caracteriza-se pela destruição dos septos e pela perda de elasticidade dos pulmões, com uma consequente diminuição da capacidade respiratória
Causas
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enfisema é provocado pela destruição dos septos alveolares, o que determina que os pulmões permaneçam mais distendidos do que o normal e não se consigam esvaziar adequadamente de forma a renovar o ar presente no seu interior, sendo normalmente provocado por uma complicação da bronquite crónica, ou seja, uma inflamação persistente da mucosa que reveste a parede interior dos brônquios. Nos casos de inflamação da mucosa dos brônquios, sobretudo dos mais finos, o ar tem dificuldade em sair dos alvéolos durante a expiração, ficando retido nesses sacos e acabando, a longo prazo e se a pressão interna aumentar em demasia, por se desunir. É por isso que o tabagismo, enquanto causa mais habitual de bronquite crónica, constitui o principal factor de risco para o enfisema. É preciso referir que os pulmões devem a sua elasticidade característica ao elevado conteúdo alveolar de elastina, uma fibra que se caracteriza pela facilidade com que recupera o seu tamanho após se distender. Sempre que se produz uma inflamação dos brônquios e dos pulmões, as células defensivas destes tecidos fabricam enzimas denominadas elastases, capazes de degradar a elastina para facilitar a chegada de mais elementos defensivos. Contudo, em condições normais, estas enzimas estão impossibilitadas de provocar a destruição dos alvéolos, graças a uma substância elaborada pelo fígado, a alfa-1 antitripsina, que chega aos pulmões através do sangue e se encarrega de neutralizar a acção das elastases, pois um desequilíbrio entre estes dois tipos de substâncias pode favorecer o desenvolvimento do enfisema. Em caso de processos inflamatórios broncopulmonares persistentes ou muito frequentes, como acontece em quem é afectado por uma bronquite crónica, o equilíbrio entre as elastases e a alfa-1 antitripsina é posto em causa a favor das primeiras, o que provoca a destruição dos septos alveolares e o consequente desenvolvimento do enfisema. Contudo, este processo é mais frequente entre os fumadores, pois existem substâncias presentes no fumo do tabaco que têm tendência para desactivar a alfa-1 antitripsina, acentuando o seu desequilíbrio.Por outro lado, existem pessoas que apresentam um défice congénito de alfa-1 antitripsina e que, por isso, têm um risco acrescido de enfisema, mesmo na ausência de outros factores concomitantes.
Sintomas e complicações
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À excepção de casos raros de deficiência congénita de alfa-1 antitripsina, a doença costuma evidenciar-se depois dos 60 anos e após longos antecedentes de bronquite crónica e tabagismo.As manifestações aparecem e intensificam-se gradualmente. 0 sintoma mais predominante é a sensação de falta de ar e a dificuldade em respirar, ou seja, a dispneia, que a pessoa afectada tenta compensar com um aumento da frequência dos movimentos respiratórios. Nas fases iniciais, a dispneia apenas se apresenta quando se produz um episódio de bronquite aguda. A médio prazo, também costuma aparecer quando se realizam esforços físicos de relativa intensidade como, por exemplo, subir escadas. No entanto, em fases mais avançadas e, em particular, se não se decidir abandonar o hábito de fumar, a dispneia surge igualmente quando se realizam pequenos esforços físicos, tais como caminhar ou vestir. Por fim, nos casos mais graves, a sensação de falta de ar e a dificuldade respiratória são, constantes, impedindo a realização de esforços físicos tão ligeiros como falar.Por outro lado, como os episódios de bronquite aguda costumam ser muito frequentes, os sintomas próprios desta doença, tais como tosse, dor torácica difusa, febre e mal-estar, são igualmente muito comuns.Nas fases mais avançadas, é frequente que, devido a uma insuficiência de oxigenação dos tecidos, se manifeste cansaço, perda de apetite e perda de peso corporal. Nesta face, geralmente, o tórax adquire um aspecto característico, devido a hiperinsuflação pulmonar, como se mantivesse uma constante inspiração profunda, ou seja, um aumento do diâmetro anteroposterior, a horizontalização das costelas e o aumento do espaço intercostal.De facto, nas fases mais avançadas da doença, são muito comuns alguns problemas sérios. 0 mais frequente é a insuficiência respiratória, que se costuma manifestar por um notório aumento da dispneia e da frequência respiratória, sonolência, dor de cabeça e coloração azulada da pele e das mucosas (cianose). Outras complicações relativamente frequentes nas etapas mais avançadas são a insuficiência cardíaca e o pneumotórax, que consiste numa acumulação de ar no espaço da pleura.Em caso de defice congénito de alfa-1 antitripsina, as manifestações costumam surgir entre os 30 e os 40 anos de idade e as complicações, em especial a insuficiência respiratória, são mais precoces do que quando este défice não existe.
Tratamento
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as lesões que caracterizam o enfisema pulmonar são irreversíveis, o tratamento consiste apenas em evitar o desenvolvimento da doença, em aliviar os sinais e sintomas e em melhorar a qualidade de vida do paciente. De facto, caso o paciente fume, a medida mais importante corresponde precisamente à abstinência do tabaco, visto que só assim se poderá prevenir o agravamento da doença. Habitualmente administram-se medicamentos broncodilatadores, com o objectivo de aumentar o diâmetro dos brônquios, por vezes complementados com medicamentos corticóides, para reduzir a inflamação brônquica, podendo igualmente recorrer-se à administração de antibióticos, para combater ou prevenir os processos infecciosos. Por outro lado, as sessões de cinesiterapia respiratória contribuem para a melhoria da função respiratória, facilitando a eliminação das secreções acumuladas nos brônquios. Nos casos de doença avançada, com insuficiência respiratória, devem ser tomadas medidas para tratar a doença, como a administração de oxigénio. Quando a situação é crítica, é necessário o internamento hospitalar do paciente para que a sua função respiratória melhore e para que possam ser solucionadas as eventuais complicações agudas.
Informações adicionais
Tabagismo e enfisema
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O hábito de fumar costuma provocar uma série de alterações nos brônquios e no tecido pulmonar, favorecendo a longo prazo o desenvolvimento do enfisema.
Na realidade, os efeitos tóxicos e irritantes de várias substâncias presentes no fumo do tabaco provocam uma desorganização dos movimentos dos microscópicos cílios que revestem a mucosa brônquica e cuja função é eliminar para o exterior as partículas estranhas. É por essa razão que as ditas partículas e os microorganismos que aí penetram provenientes do ar tendem a acumular-se na mucosa brônquica. Para além disso, as glândulas secretoras de muco dilatam-se, produzindo consideráveis quantidades deste e acumulando-se no interior dos brônquios. Por conseguinte, as células defensivas que se encontram na mucosa respiratória reduzem a sua actividade, o que favorece o desenvolvimento de processos infecciosos. Paralelamente, a nicotina provoca uma contracção sustentada da musculatura das vias aéreas, o que acaba por originar uma diminuição do seu diâmetro.
Todas estas alterações dão origem a uma obstrução dos brônquios e a uma particular dificuldade na expiração.