A amigdalite é uma inflamação circunscrita das amígdalas, uma doença normalmente provocada por infecção viral ou bacteriana. E muito frequente durante a infância, podendo evoluir de forma aguda ou crónica.
Amígdalas palatinas
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As amígdalas palatinas ou tonsilas, são duas proeminências de tecido linfóide com cerca de 3 a 5 cm de diâmetro, localizadas nas faces laterais do segmento médio da faringe ou orofaringe.
Estas formações, que desempenham uma função defensiva no organismo, estão literalmente revestidas por um manto com inúmeras vilosidades microscópicas, com o objectivo de reter e filtrar os microrganismos presentes no ar e nos alimentos.
O tecido interno das amígdalas é muito rico em glóbulos brancos, células imunitárias capazes de detectar, identificar e eliminar os microrganismos, desactivando-os e eliminando-os. No interior das amígdalas originam-se inúmeros canais que desaguam na superfície e cuja função é drenar um líquido que contém resíduos celulares e restos de microrganismos. O líquido drenado desloca-se, juntamente com a saliva, até ao tubo digestivo.
Na verdade, as amígdalas desempenham uma função defensiva muito importante ao longo da infância, mas a partir da puberdade as suas dimensões e o seu papel na defesa orgânica diminuem. Por isso, a amigdalite é uma doença mais comum na infância.
Causas
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A inflamação das amígdalas produz-se, normalmente, devido a uma infecção por vírus ou por bactérias de vários tipos. É preciso destacar que as amígdalas estão situadas num segmento da faringe onde a via aérea conflui com a digestiva, sendo assim comum que os microrganismos presentes no ar ou nos alimentos contactem directamente com a sua superfície e produzam uma infecção, quando a sua quantidade é tão elevada ou a sua virulência é tão grande que supera a capacidade defensiva. Todavia, na maioria dos casos, a amigdalite é provocada por uma propagação de microrganismos de tecidos vizinhos afectados por processos infecciosos agudos, tais como uma constipação, uma faringite difusa ou uma laringite.
As amigdalites também se podem apresentar como apenas mais uma manifestação em várias doenças infecciosas.
Tipos e manifestações
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De acordo com a forma de evolução, a doença pode-se classificar em dois tipos:
Amigdalite aguda. Particularmente frequente nas crianças com mais de 3 anos de idade, a doença apresenta-se de forma súbita, fruto de uma infecção pontual e, na maioria dos casos, caso se proceda ao tratamento adequado, desaparece entre cinco a sete dias.
Ao início, o sintoma mais evidente costuma ser febre, que frequentemente ultrapassa os 39°C, acompanhada por mal-estar geral, sensação de prostração, sudação e dores de cabeça.
Um outro sintoma característico, por vezes o primeiro a surgir, é a dor de garganta, que se intensifica ao mover a cabeça e ao engolir. As amígdalas encontram-se inchadas e vermelhas, sobretudo quando o processo infeccioso é de origem bacteriana, formando-se acumulações de pus na sua superfície que se observam como pontos brancos. Além disso, quando a dilatação é considerável, a deglutição é mais difícil e a voz torna-se nasalada, já que parte do ar expirado vê-se obrigado a desviar-se para o nariz. Por outro lado, é muito comum a inflamação dos gânglios linfáticos do pescoço, os quais podem ser palpados com facilidade.
Amigdalite crónica. Quando os processos infecciosos agudos se repetem com alguma frequência, os microrganismos causadores podem chegar a instalar-se de forma permanente nas amígdalas e provocar-lhes lesões persistentes. Nas crianças, as amígdalas podem crescer de maneira considerável (amígdalas hipertróficas), ao ponto de dificultarem, por vezes, a deglutição e até mesmo a respiração, sobretudo durante a noite. Noutros casos, as amígdalas tem a tendência para abrirem fendas (amígdalas crípticas), formando canais que libertam pus do seu interior. Nestes casos, existe um maior risco para ocorrer uma das complicações mais frequentes da amigdalite crónica - o desenvolvimento de um abcesso faríngeo. Por outro lado, nos adultos, a infecção crónica provoca uma destruição e atrofia das amígdalas, que adoptam uma tonalidade esbranquiçada. Por vezes, a amigdalite crónica não manifesta quaisquer sintomas; em alguns casos, são frequentes as dores de garganta, a formação de secreções mucosas abundantes ou purulentas, mau hálito e dificuldade em respirar e deglutir os alimentos.
Tratamento
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Na amigdalite aguda, o tratamento inclui uma série de medidas para aliviar os sintomas, como a administração de analgésicos e antipiréticos, uma dieta leve e líquidos abundantes (nem muito frios, nem muito quentes). Caso o processo infeccioso seja de origem bacteriana, o médico deve prescrever o antibiótico mais eficaz contra o microrganismo responsável. Na amigdalite crónica, como estas medidas não costumam ser muito eficazes, nomeadamente quando os sintomas são muito graves ou quando existe perigo de complicações, coloca-se a hipótese de solucionar o problema através da extracção cirúrgica das amígdalas, uma intervenção denominada amigdalectomia.
Informações adicionais
O médico responde
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O meu filho de 10 anos tem uma amigdalite crónica que o impede de respirar adequadamente e o medico sugeriu extrair-lhe as amígdalas, mas ouvi dizer que esta medida nem sempre é recomendável...
De facto, a extracção cirúrgica das amígdalas apenas e recomendável quando os sintomas são muito graves, como acontece no caso do seu filho, ou quando existem riscos de complicações. A operação e simples, pois apenas necessita de um dia de internamento hospitalar e, come se realiza com anestesia geral, a criança não sofre qualquer trauma. Alem disso, após a operação, a criança recupera com rapidez e os sintomas e riscos de complicações desaparecem. Contudo, existem casos de algumas pessoas que, após uma operação as amígdalas, sofreram de faringite crónica. De qualquer forma, esta sequela da amigdalectomia apenas ocorre numa minoria dos casos e gera menos problemas e riscos do que uma amigdalite crónica.
O temível estreptocoso
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A amigdalite aguda provocada por uma bactéria denominada estreptococo beta- hemolítico, responsável por cerca de 50% dos casos desta doença, pode originar uma série de complicações que afectam em especial as crianças. Algumas destas complicações, como a escarlatina, são provocadas pelas substâncias tóxicas que estas bactérias libertam ao longo da fase aguda da infecção. Por outro lado, existem outran que são causadas por uma reacção imunológica anómala, desencadeada quando o organismo entra em contacto com estas bactérias, mas que se manifesta apenas algumas semanas ou meses após finalizada a infecção. Este tipo de reacção pode afectar tecidos e órgãos muito diferentes. As complicações mais frequentes são a febre reumática, que afecta essencialmente o coração e as articulações, a glomerulonefrite pósestreptocócica,
que compromete o tecido renal, e a coreia menor, que afecta o tecido nervoso.
Para prevenir estas complicações, é importante que se consulte imediatamente um médico, em caso de amigdalite aguda, pois a mínima suspeita de que a doença é provocada por estreptococos beta-hemolíticos, este deve indicar o tratamento antibiótico conveniente.