Gastrite

A gastrite é uma inflamação da mucosa interna do estômago, uma afecção muito comum que origina problemas digestivos e incómodos abdominais, cuja evolução pode ser aguda, de breve duração ou crónica

Gastrite aguda

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A gastrite aguda caracteriza-se pelo seu brusco aparecimento e rápida evolução, já que aparece em poucos dias ou, o mais tardar, num par de semanas. Na sua manifestação mais simples (a mais comum), a mucosa gástrica fica apenas inflamada, enquanto que noutros casos apresenta pequenas erosões que podem provocar hemorragias mais ou menos abundantes.

A origem da afecção é muito diversa. O mais frequente é que seja causada pela ingestão de produtos que irritem a mucosa gástrica como, por exemplo, certos medicamentos (o ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios), álcool, alimentos em mau estado ou grandes refeições ricas em gorduras ou demasiado condimentadas. Também se pode produzir perante circunstâncias que provoquem um incremento da produção de suco gástrico como, por exemplo, certas situações de stress (cirurgia, queimaduras, traumatismos graves) ou como consequência de várias doenças infecciosas.

Os principais sintomas são perda de apetite, mau sabor na boca e mau hálito, sensação de língua pastosa, arrotos ácidos, ardor estomacal, dor na zona alta do abdómen, náuseas e vómitos. Por vezes, altera-se o estado geral, com febre, dor de cabeça e debilidade, tratando-se então de uma gastrite aguda erosiva, que se manifesta através de rastos de sangue digerido nos vómitos, com vários coágulos, e nas fezes, que se tornam negras.

O tratamento consiste, essencialmente, em manter o estômago em repouso, de modo a facilitar a sua recuperação. A principal medida corresponde a uma dieta ligeira, um ou dois dias à base de infusões e caldos suaves com massas ou arroz, para passar progressivamente, à medida que a situação melhore, para uma alimentação normal. Caso os sintomas sejam muito intensos, o médico pode prescrever antiácidos comuns, como hidróxido de alumínio e de magnésio, ou medicamentos que reduzam a produção de ácido clorídrico.

A hospitalização do doente pode ser necessária no caso de uma gastrite erosiva que provoque hemorragias, sendo efectuada uma cauterização dos vasos sanguíneos através de uma sonda ou, inclusive, em casos extremos, uma intervenção cirúrgica.

Gastrite crónica

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Em caso de gastrite crónica, as lesões inflamatórias da mucosa gástrica persistem durante meses ou anos, inclusive décadas. Na maioria das situações, estas lesões não diminuem de intensidade; por outro lado, caso se agravem, podem gerar modificações irreversíveis da mucosa gástrica, alterando a sua funcionalidade. Por exemplo, é possível que com o passar do tempo a mucosa se torne mais fina e desapareça uma boa parte das glândulas produtoras de suco gástrico, dando assim origem a uma gastrite atrófica.

A causa da gastrite crónica não é perfeitamente clara, embora se pense que na sua origem intervêm diversos factores. Por um lado, existem casos em que se desenvolve perante uma repetição mais ou menos frequente de episódios de gastrite aguda, apesar de não ser possível determinar com exactidão o motivo desta particular evolução, por só ocorrer em determinados pacientes. Por outro lado, existem casos em que se sabe que estão envolvidos certos mecanismos imunológicos anómalos. Além disso, pensa-se que pode existir uma certa predisposição hereditária para padecer deste tipo de patologia, já que a sua incidência é significativamente mais elevada em algumas famílias.

As possíveis manifestações da patologia são variadas e inconstantes: pacientes com a sua mucosa gástrica gravemente afectada apresentam pequenos sintomas, enquanto outros têm muito poucas lesões e apresentam sintomas muito notórios. Sempre que há uma redução na produção de suco gástrico, as digestões tornam-se mais lentas, com regurgitações e náuseas, existe uma sensação de peso e distensão abdominal após as refeições, propicia-se a produção de gases e a sensação de cansaço. Às vezes, caso a inflamação provoque um aumento da secreção ácida, produzem-se episódios de ardor ou dor estomacal.

Não há um tratamento específico para a doença, apenas é necessário evitar todos aqueles factores que se possam tornar irritantes para a mucosa gástrica, como o álcool, os picantes, etc.

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Gastrite hipertrófica

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Esta doença, também denominada por doença de Ménétrier, é um problema crónico pouco frequente e de origem desconhecida, caracterizado pelo aumento do tamanho das pregas ou rugosidades que normalmente compõem a superfície interna do estômago. Além dos incómodos digestivos típicos de todas as gastrites, a doença provoca um facto singular, ou seja, uma importante perda de proteínas que, ao soltarem-se das paredes do estômago, são maioritariamente eliminadas com as fezes. Este facto provoca graves consequências, embora não correspondam directamente ao aparelho digestivo, já que a diminuição da taxa de proteínas plasmáticas (hipoalbuminemia) provoca edemas e uma especial propensão para infecções, desnutrição e perda de peso.

A evolução da doença, mais frequente nos homens com mais de 50 anos, é variável: em alguns casos, cura-se espontaneamente ao fim de alguns anos, mas noutros agrava-se progressivamente, o que obriga à extracção de uma parte do estômago, de modo a evitar a perda de proteínas e as suas consequentes complicações.

Gastrite atrófica e anemia perniciosa

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Em algumas pessoas que padecem de gastrite atrófica produz-se um facto particular: as modificações que sofre a mucosa gástrica provocam o desaparecimento de células encarregues de elaborar uma substância denominada factor intrínseco de Castle, indispensável para a absorção da vitamina B12 presente nos alimentos. Como esta vitamina desempenha um papel fundamental na produção dos glóbulos vermelhos do sangue, uma das consequências do seu défice é uma anemia crónica que, tradicionalmente, se designa de anemia perniciosa. Dado que é muito raro a mucosa gástrica atrofiada se regenerar, para solucionar esta anemia é necessário recorrer a uma injecção periódica de vitamina B12, já que a sua administração por via oral é totalmente ineficaz.

A mucosa gástrica produz uma substância denominada factor intrínseco de Castle, necessária para a absorção intestinal da vitamina B12; caso não se fabrique uma quantidade suficiente de factor intrínseco, como ocorre na gastrite atrófica, o organismo não assimila vitamina B12 suficiente para a maturação dos glóbulos vermelhos, provocando o desenvolvimento de uma anemia.

Para saber mais consulte o seu Cirurgião Geral ou o seu Gastroenterologista
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