Púrpuras

Conjunto de doenças que se caracterizam pelo aparecimento na pele e nas mucosas de manchas com típica coloração avermelhada ou violeta, de diferente tamanho, provocadas
por hemorragias nos tecidos subjacentes.

Causas

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As púrpuras são originadas quando, por vários motivos (à excepção de traumatismos), o sangue que circula nos vasos sanguíneos mais finos tende a atravessar as paredes e a acumular-se nos tecidos vizinhos, formando aglomerações de sangue que se podem localizar em vários tecidos do organismo, embora apenas sejam visíveis ao nível da pele e das mucosas, como manchas de tonalidade vermelha ou violeta.

Entre as causas mais frequentes, destaca-se a trombocitopenia, um défice de plaquetas, elementos do sangue que desempenham um papel fundamental na coagulação. Como a função das plaquetas é reparar as lesões que, embora mínimas, se produzem continuamente nos vasos sanguíneos mais finos, o seu défice provoca hemorragias que evoluem para púrpuras. Um outro mecanismo frequentemente implicado na formação de púrpuras, é a fragilidade capilar, ou seja, uma debilidade exagerada da parede dos pequenos vasos sanguíneos, que favorece as rupturas capilares praticamente espontâneas e a saída de sangue até aos tecidos circundantes. Existem algumas doenças específicas em que o aparecimento de púrpuras constitui a manifestação mais característica e, por isso, englobam a sua designação: púrpura trombocitopénica idiopática, púrpura reumatóide e púrpura comum. Por vezes, as púrpuras apenas constituem mais uma manifestação de uma doença sistémica, como acontece em caso de carência de vitamina C, de diversas doenças auto-imunes, de vários tipos de septicemia, de algumas doenças da medula óssea e em caso de insuficiência renal.

Púrpura trombocitopénica idiopâtica

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É uma doença de causa desconhecida que se caracteriza pela excessiva destruição das plaquetas do sangue, o que favorece o aparecimento de hemorragias capilares e de manchas na pele e mucosas. A doença é pouco frequente e pode apresentar-se em qualquer idade, embora seja mais comum nas crianças e nos jovens. Actualmente, pensa-se que a exagerada destruição de plaquetas pode dever-se a uma doença auto-imune, ou seja, a uma reacção anómala do sistema de defesa que erradamente produz anticorpos capazes de atacar as próprias plaquetas. De facto, é provável que esta doença auto-imune seja provocada por infecção viral, mas a teoria ainda não foi confirmada.

Manifestações. O défice de plaquetas propicia o aparecimento de hemorragias em diferentes partes do organismo, embora sejam mais evidentes na pele e nas mucosas, onde provocam a formação de púrpuras. Por vezes, manifestam-se através de inúmeras manchas pontiagudas (petéquias), noutros casos através de extensas manchas violáceas (equimose), podendo igualmente adoptar uma forma linear (vibices). Todavia, também é comum a produção de hemorragias internas que se exteriorizam através de canais naturais: hemorragias nasais, vaginais, do aparelho urinário (sangue na urina) ou do aparelho digestivo (fezes de cor escura).

Evolução. A evolução da doença é imprevisível, embora possa diferenciar-se de acordo com a idade do paciente. De facto, nas crianças, a doença costuma ter um início súbito e, normalmente, apenas persiste durante poucas semanas, após as quais tende a desaparecer espontaneamente. Por outro lado, nos adultos, costuma evoluir de forma crónica, alternando períodos de exacerbação dos sintomas com períodos relativamente assintomáticos, sem a manifestação evidente de qualquer sintoma.

Tratamento. Como não se conhece a causa da doença, não se pode efectuar um tratamento específico. Para atenuar as hemorragias, recomenda-se repouso e a prevenção de fricções e traumatismos. Por vezes, deve-se recorrer à prática de transfusões de concentrados de plaquetas para diminuir o seu défice e, em al-guns casos, pode ser útil a administração de corticosteróides.

Púrpura reumatóide

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Esta doença deve-se a uma inflamação dos capilares sanguíneos provocada por uma reacção alérgica desencadeada pelo contacto com agentes aos quais o paciente é particularmente sensível. De facto, em pessoas sensíveis, o sistema imunitário reage de forma anómala, atacando os vasos capilares perante estímulos muito diversos, como a existência de focos infecciosos, o consumo de determinados alimentos ou a administração de determinados medicamentos. O resultado é uma extrema fragilidade dos capilares, que se rompem à mínima pressão ou até de forma espontânea, originando hemorragias e o consequente aparecimento de púrpuras.

A doença incide principalmente nas crianças e nos jovens, com maior predominância no sexo masculino.

Costuma ter um início súbito, com febre, mal-estar e púrpuras. As manchas cutâneas podem ser punctiformes (petéquias) ou extensas (equimoses) e localizam-se, sobretudo, no tronco, nádegas e nos membros inferiores. Por vezes, as manchas estão rodeadas por uma zona de pele dilatada e de tonalidade amarela, um fenómeno provocado pela inflamação. Outras manifestações frequentes são as hemorragias intestinais, hemorragias articulares que provocam dor e inflamação (especialmente nos joelhos e tornozelos) e hemorragias urinárias.

O prognóstico da doença é favorável, já que na maioria dos casos as manifestações são o aparecimento de pontos avermelhados, que desaparecem espontaneamente ao fim de alguns meses. O tratamento baseia-se em repouso absoluto durante as exa-cerbações da doença, associado à administração de corticosteróides ou imunossupressores.

Púrpura comum

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Esta doença, que normalmente afecta as mulheres com mais de 40 anos, é a mais frequente das púrpuras, embora seja igualmente a menos perigosa. As hemorragias são provocadas por um extremo adelgaçamento dos tecidos que suportam os pequenos vasos capilares do tecido subcutâneo, ficando consequentemente mais débeis e frágeis e caracterizando-se pelo aparecimento de típicas manchas violetas, por vezes extensas e persistentes, localizadas frequentemente nos músculos, antebraços e costas das mãos. Também surgem com alguma frequência manchas mais pequenas no palato e na mucosa que reveste o interior da boca.

Normalmente, as hemorragias capilares responsáveis pelas manchas não provocam grandes problemas, à excepção dos de índole estética. Quando o seu aparecimento coincide com a menopausa, é aconselhável o recurso a uma terapêutica de substituição hormonal, através da administração de estrogénios.

Informações adicionais

Doença ou sintoma?

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Por vezes, o termo púrpura é utilizado para designar uma doença, enquanto que noutros casos corresponde mais a uma manifestação de algumas doenças.

Púrpura como doença:

• Púrpura trombocitopénica idiopática

• Púrpura reumatóide

• Púrpura comum

• Púrpura menstrual

Púrpura como sintoma:

• Escorbuto ou défice de vitamina C

• Doenças auto-imunes

• Septicemia

• Doenças da medula óssea

• Insuficiência renal

Tipos de púrpura

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As manchas cutâneas podem adoptar várias formas e tamanhos. Algumas têm denominações específicas:

• Petéquias: são manchas pontiagudas, do tamanho de uma cabeça de alfinete ou até mais pequenas.

• Vibices: são manchas dilatadas, com a forma de estrias.

• Equimoses: são manchas extensas, semelhantes às que se produzem em consequência de traumatismos.

Punção de medula óssea

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Por vezes, para estabelecer a causa da diminuição das plaquetas no sangue deve-se efectuar uma punção-biopsia da medula óssea.

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