Mecanismos da coagulação

O processo de coagulação é activado perante uma lesão da parede de um vaso sanguíneo, com o intuito de encerrar a lesão, para reduzir ao mínimo a perda de sangue enquanto se procede à reparação do vaso danificado.

Activação do processo

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Em condições normais, as paredes dos vasos sanguíneos são lisas e não apresentam soluções de continuidade ou orifícios através dos quais o sangue possa passar para o exterior do sistema vascular. Apenas os capilares, os vasos sanguíneos mais finos, apresentam nas suas paredes finas porosidades microscópicas que permitem a entrada ou saída de elementos de reduzidas dimensões, tornando assim possível o transporte de nutrientes às células dos tecidos e a drenagem das substâncias residuais.

Em caso de ruptura de um vaso sanguíneo (por exemplo, devido a um traumatismo ou a uma lesão que atravessa a sua parede), o sangue que circula a maior ou menor pressão pelo interior do vaso tende a sair para o exterior, produzindo-se então uma hemorragia de diferente magnitude conforme o tamanho da lesão e o caudal do vaso afectado.

É precisamente quando a coagulação sanguínea é activada para obstruir a lesão que se procede à reparação do vaso sanguíneo danificado, tal como o processo de cicatrização da pele fecha uma ferida até que se obtenha a cura da zona afectada.

Fases da coagulação

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Na verdade, o estancamento de uma hemorragia é um processo muito complexo, onde participam os próprios vasos sanguíneos afectados e no qual vários elementos do sangue desempenham um papel essencial.

Primeira fase: a hemostase primária. Em caso de ferida numa parede vascular, o próprio vaso sanguíneo contrai-se de maneira reflexa para reduzir a quantidade de sangue que chega à lesão. De imediato, as plaquetas que circulam na zona, atraídas pelas substâncias segregadas pelos tecidos dos vasos afectados, dirigem-se para a lesão, fixam-se nas suas extremidades e unem-se entre si, segregando outras substâncias químicas que atraem mais plaquetas para se acumularem na zona. Este processo, conhecido como agregação plaquetária, provoca a formação de uma massa de plaquetas unidas entre si e tecido circundante - o trombo plaquetário. Este "obstáculo" consegue travar a hemorragia, mas como é frágil pode desunir-se com alguma facilidade.

Segunda fase: a coagulação. Caracteriza-se pela formação de um coágulo sanguíneo, uma massa mais sólida e estável, constituída pelos elementos que formam o trombo plaquetário inicial e outros elementos do sangue que são travados pelo mesmo (glóbulos vermelhos incluídos). Todos estes elementos estão unidos entre si por abundantes filamentos de fibrina, uma substância proteica que, tal como uma rede, engloba os componentes do coágulo. Na verdade, a fibrina é uma proteína insolúvel, não podendo circular nesse estado, porque provocaria obstruções vasculares - é formada, então, durante a coagulação, a partir de uma substância precursora, o fibrinogénio, que é insolúvel e circula normalmente no sangue. De facto, o ponto chave da formação do coágulo sanguíneo é a conversão do fibrinogénio em fibrina, processo em que participam uma série de elementos específicos presentes no plasma, na sua maioria proteínas - os denominados factores de coagulação. Este mecanismo é muito complexo, já que os factores de coagulação actuam em forma de "cascata", activando-se sequencialmente uns aos outros até que se obtenha uma substância conhecida como trombina, encarregue de converter fibrinogénio em fibrina.

Paralelamente, existe uma outra substância segregada pelas plaquetas -a trombostenina -, que desempenha a função de compactar e consolidar o coágulo, retraindo os filamentos de fibrina para estreitar a rede que os próprios formam.

Terceira fase: a fibrinólise. Consoante a cicatrização e reparação do tecido danificado, o coágulo sanguíneo dissolve-se progressivamente, graças à activação de outra substância presente no plasma - o plasminogénio -, que se transforma em plasmina, enzima capaz de degradar os filamentos de fibrina. Finalizado o processo de fibrinólise (cerca de 48 horas), a circulação sanguínea pelo vaso lesionado volta à normalidade.

Informações adicionais

Plaquetas

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As plaquetas, igualmente denoinadas trombócitos, são os elementos sanguíneos mais peque  nos, sendo consideradas células incompletas, pois não dispõem de núcleo e apresentam apenas 1,5 a 2 mícrones de diâmetro. Estes elementos, cuja concentração no sangue em condições normais oscila entre os 150 000 e os 300 000/mm3, desempenham um papel essencial na coagulação sanguínea ao cumprirem sequencialmente as seguintes funções:

• Detectam a existência de lesão na parede de um vaso sanguíneo, atraídas por substâncias libertadas na zona danificada.

• Ao detectar a lesão, depositam-se e acumulam-se no local da ferida, dilatam-se para ocuparem mais volume e unem-se para formarem uma massa - o trombo plaquetário.

• Segregam substâncias que activam a "cascata da coagulação", protagonizada pelos factores de coagulação sanguínea.

• Segregam tromboplastina, substância que retrai os filamentos da fibrina, os quais unem os elementos do coágulo sanguíneo, tornando-o mais compacto.

Os factores de coagulação

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Os denominados factores de coagulação são um conjunto de elementos, maioritariamente de natureza proteica, com uma participação muito activa na formação do coágulo sanguíneo. Muitos deles encontram-se sempre presentes no plasma sanguíneo, mas só são activados perante uma lesão numa parede de um vaso, actuando apenas localmente, de modo a permitir a formação do coágulo no sítio necessário e no momento preciso. Cada factor de coagulação tem um nome próprio, mas a maioria é classificada com números.

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