Leucopenìas

A leucopenia corresponde a uma diminuição dos glóbulos brancos, ou leucócitos, abaixo da sua concentração normal no sangue, situação que provoca uma diminuição das defesas orgânicas contra as infecções.

Tipos

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Fala-se de leucopenia quando a concentração de leucócitos é inferior ao seu limite mínimo normal, ou seja, a cerca de 4 000 por milímetro cúbico de sangue. Todavia, é possível distinguir vários tipos específicos de leucopenia, de diferente significado, consoante o tipo de glóbulos brancos cujo número diminui.

Neutropenia. Situação igualmente denominada granulocitopenia, que corresponde a uma diminuição do número de granulócitos neutrófilos presentes no sangue, o que em condições normais não costuma ser inferior a 3 000/mm3. De acordo com a intensidade da diminuição de concentração destas células, fala-se de neutropenia ligeira (quando a concentração é superior a 1 000/ mm3), de neutropenia moderada (quando a concentração se situa entre os 500 e os 1 000/mm3) e de neutropenia grave (quando o número é inferior a 500/mm'). O total desaparecimento dos neutrófilos no sangue denomina-se agranulocitose, uma situação muito grave, pois implica uma extrema sensibilidade às infecções bacterianas.

Eosinopenia. Corresponde à diminuição do número de granulócitos eosinófilos presentes no sangue, por vezes ao seu total desaparecimento, tal como acontece caracteristicamente na fase aguda de algumas infecções (febre tifóide, brucelose) e também ao longo do tratamento com determinados fármacos, em especial os corticosteróides.

Basopenia. Consiste na diminuição do número de granulócitos basófilos presentes no sangue, como acontece em determinadas doenças endócrinas (síndrome de Cushing, hipertiroidismo) e também ao longo do tratamento com medicamentos antitiróideos e determinados anticoagulantes (heparina).

Linfopenia. Corresponde a uma diminuição significativa do número de linfócitos presentes no sangue ou da sua relativa relação com o resto dos glóbulos brancos: quando a concentração de linfócitos é inferior a 1 000/mm3 ou a 15% do total de leucócitos. Esta situação observa-se de forma passageira no período inicial de quase todas as infecções agudas (como determinadas pneumonias), após tratamentos com fármacos citostáticos (anticancerosos) e após sessões de radioterapia, enquanto que se estabelece de forma mais persistente ao longo de determinadas doenças infecciosas (como a tuberculose), em determinadas doenças auto-imunes (como o lúpus eritematoso disseminado), na doença de Hodgkin, em algumas formas de imunodependência hereditária e na anemia aplásica.

Monocitopenia. Consiste numa redução significativa do número de monócitos presentes no sangue ou da sua relativa relação com o resto dos glóbulos brancos: quando a concentração de monócitos é inferior a 200/mm' ou a 3% do total de leucócitos, em determinadas formas de leucemia, durante o tratamento com glucocorticóides e na anemia aplásica.

Neutropenia: agranulocitose

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A origem de uma diminuição dos granulócitos neutrófilos pode ser muito variada, já que pode corresponder tanto a uma falha na sua produção ou maturação na medula óssea, como a uma destruição exagerada dos mesmos quando passam pelo sangue ou a um defeito na sua distribuição pelo organismo. Por vezes, a causa do problema é desconhecida (agranulocitose idiopática), enquanto nalguns casos está associada a determinadas doenças hereditárias ou congénitas. Todavia, a neutropenia deve-se, na maioria dos casos, a factores adquiridos de diversa índole. Por exemplo, pode-se produzir uma falha na produção de granulócitos neutrófilos na medula devido a carências nutritivas, sobretudo de vitamina B12 e ácido fólico, embora neste caso também possa ficar afectada a produção de glóbulos vermelhos e plaquetas. O mesmo pode suceder perante a administração de medicamentos citostáticos ou após a aplicação de radiações ionizantes sobre a medula óssea ao longo de um tratamento anticanceroso, sendo a neutropenia um efeito secundário da terapêutica. Também se pode produzir uma diminuição temporal dos grãnulócitos neutrófilos devido a algumas infecções virais e também ao longo de determinadas infecções bacterianas ou determinadas parasitoses (paludismo, leishmaniose). Além disso, o problema pode estar associado a diversas doenças imunológicas e metabólicas, sendo frequentemente persistente. Noutros casos, a doença pode associar-se a uma anómala actividade do baço (hiperesplenismo), provocando uma exagerada destruição de leucócitos. Por último, é preciso destacar uma forma específica de agranulocitose, provocada pela administração de determinados fármacos (ver quadro).

Repercussões. A diminuição do número de granulócitos neutrófilos provoca uma maior fragilidade do sistema imunitário às infecções bacterianas, de diferente intensidade consoante o grau da neutropenia. Desta forma, considera-se que o perigo de infecção bacteriana é ligeiro quando a concentração de neutrófilos se encontra entre os 1 000 a 1 500/mm3, moderado entre os 500 e os 1 000/mm3 e muito significativo abaixo dos 500/mm3.

A agranulocitose aguda começa por ter um início súbito, com febre, mal-estar e uma grande fraqueza, devido ao desenvolvimento de algum processo infeccioso, embora por vezes estas manifestações sejam precedidas pelo aparecimento de úlceras necróticas na mucosa da boca e na faringe. De qualquer forma, caso se trate de uma neutropenia crónica, na maior parte dos casos, é provocada por infecções repetidas, sobretudo a nível cutâneo e broncopulmonar.

Tratamento. Depende da causa e evolução do problema, já que habitualmente se trata de uma reacção passageira que acompanha a doença infecciosa. Para além disso, a interrupção da administração do medicamento que causou o problema provoca a normalização do número de neutrófilos.

Informações adicionais

Agranulocitose provocada por fármacos

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A administração de alguns fármacos pode provocar o total desaparecimento dos granulócitos neutrófilos e, assim, uma extrema sensibilidade às infecções bacterianas. Este tipo de repercussão negativa na utilização de determinados fármacos pode produzir-se por dois mecanismos diferentes. Uma possibilidade é o medicamento utilizado apresentar um efeito tóxico directo sobre a medula óssea, o que em determinadas doses pode provocar uma falha na produção desse tipo de glóbulos brancos. Realmente, hoje em dia, alguns medicamentos com esse efeito mielotóxico foram retirados do mercado e outros estão praticamente em desuso por esse motivo. Contudo, existem outros medicamentos que apenas provocam o problema em pessoas com uma certa sensibilidade, independentemente da dose, não sendo possível determinar quem pode ser afectado com a sua administração. Neste caso, a doença é provocada por um mecanismo imunoalérgico, que se costuma produzir após uma sensibilização prévia, ou seja, após uma anterior utilização do medicamento, sem que este tenha gerado quaisquer problemas - o seu desenvolvimento é imprevisível em futuras administrações do medicamento responsável. Normalmente, a doença tem um início súbito, com o desenvolvimento de um processo infeccioso ao fim de poucos dias ou semanas da administração do medicamento em questão. Como é óbvio, deve-se interromper imediatamente a administração do fármaco e tomar as medidas adequadas para tratar a infecção. Felizmente, a actividade da medula óssea costuma recuperar a sua normalidade, pouco tempo após a interrupção da administração do medicamento responsável.

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