Cancro do esófago

O cancro localizado no esófago é o terceiro mais frequente do tubo digestivo, a seguir aos cancros do cólon e do estômago.

Causas e tipos

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Apesar de não se conhecer o mecanismo íntimo da sua origem, detectaram-se alguns factores que, devido à irritação e à inflamação que provocam nas paredes esofágicas, são considerados, de certa forma, causadores do aparecimento do cancro como, por exemplo, a ingestão de produtos cáusticos, a acalasia, a esofagite por refluxo, o alcoolismo, o tabagismo e, segundo parece, o regular consumo de bebidas muito quentes. Foi também apontada uma possível predisposição genética para este cancro, mais comum nas pessoas de raça negra.

A maioria dos tumores malignos do esófago localiza-se nos 2/3 inferiores do órgão e o seu crescimento é muito lento, podendo levar vários anos até alcançar um diâmetro de 1 a 2 cm. De acordo com o seu modo de crescimento, podem-se distinguir: os tumores vegetantes, que crescem na entrada do esófago e adoptam o aspecto de uma couve-flor; os tumores estenosantes, que formam uma espécie de anel no interior do órgão; e os tumores infiltrantes, que invadem as paredes do esófago até as atravessar e alcançar as estruturas vizinhas.

Sintomas

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A primeira manifestação da doença costuma ser a dificuldade na deglutição, devido à redução no sector afectado do órgão. Regra geral, a doença evidencia-se, inicialmente, durante a ingestão de alimentos sólidos, como fatias de carne ou pão, numa fase posterior, apresenta-se também após a ingestão de alimentos semi-sólidos, como papas ou purés, e em etapas mais avançadas, após a ingestão de líquidos.

Também costuma produzir regurgitação, mau sabor na boca e mau hálito.

Outro dos sintomas mais comuns, embora mais tardio, é a dor geralmente localizada no interior do tórax, ainda que se irradie, por vezes, à parte alta do abdómen. A princípio intermitente, relacionada com a deglutição, a dor torna-se gradualmente persistente e muito intensa. Quando o tumor infiltra toda a parede do órgão e alcança estruturas vizinhas, pode provocar rouquidão, ao invadir o nervo laríngeo recorrente que controla as cordas vocais, estabelecendo por vezes uma comunicação anormal ou fístula entre o esófago e a traqueia ou um brônquio, com o consequente perigo de que parte dos alimentos ingeridos passe para as vias respiratórias e provoque uma infecção pulmonar.

Tratamento

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O diagnóstico baseia-se nos exames radiológicos e na endoscopia. Para confirmar a suspeita recorre-se a uma biopsia (remoção de uma amostra da lesão para o seu posterior estudo em laboratório).

O tratamento compreende a cirurgia, a radioterapia (aplicação de radiações) e a quimioterapia (administração de medicamentos anti-cancerosos). A intervenção cirúrgica permite extrair todo o tumor, desde que este não esteja numa fase muito avançada. Sempre que for possível, e caso a cirurgia não altere a deglutição, remove-se o sector do órgão afectado, unindo depois os extremos. Caso não seja possível, pode ser necessário extrair todo o órgão e substituí-lo por um segmento do intestino grosso do próprio paciente. A radioterapia permite curar grande parte dos tumores malignos do esófago de pequenas dimensões, sendo também utilizada como complemento da cirurgia ou como alternativa à intervenção cirúrgica, quando se considera que não é possível operar para melhorar a capacidade de deglutição.

Informações adicionais

Prognóstico do cancro do esófago

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As expectativas de cura dependem, em boa medida, do momento em que se aplica o tratamento. Se o tumor ainda não tiver alcançado os 2 cm de diâmetro, o prognóstico é muito bom, já que habitualmente consegue-se a cura definitiva. Por outro lado, nos restantes casos, o prognóstico é reservado, pois só se tem mais de cinco anos de vida em 25 a 35% dos casos. Evidentemente, o prognóstico depende da precocidade do diagnóstico - daí que uma das lutas contra o cancro geralmente passa por solicitar uma consulta médica sempre que se detecte uma persistente dificuldade na deglutição.

O médico responde

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O meu sobrinho bebeu acidentalmente lixívia e sofreu graves queimaduras no esófago, mas felizmente conseguiu recuperar e agora está bem. Contudo, o médico insiste que deve ser vigiado durante alguns anos e eu pergunto se será necessário...

De facto, o conselho é acertado. Às vezes, o facto de uma pessoa ter sofrido lesões no esófago devido à ingestão de produtos inflamatórios durante a infância constitui um forte antecedente para o desenvolvimento de cancro do esófago muitos anos mais tarde, mesmo quando este acontecimento já tenha sido praticamente esquecido. Por isso, recomenda-se muita cautela, devendo todos os que tenham sofrido este tipo de incidente, mesmo que a evolução tenha sido favorável, submeter-se a controlos regulares através de esofagoscopias.

Para saber mais consulte o seu Cirurgião Geral ou o seu Gastroenterologista
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