Grupos sanguíneos

O sangue dos seres humanos classifica-se em vários grupos e o seu conhecimento é fundamental para determinar a possibilidade de se efectuarem transfusões sem que surjam problemas.

Compatibilidade sanguínea

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A classificação dos diversos grupos sanguíneos estabelece-se em função da presença ou ausência de determinados antigénios na superfície dos glóbulos vermelhos, cuja existência é determinada geneticamente e regida pelas leis da hereditariedade. Deles depende o grau de compatibilidade sanguínea, ou seja, a possibilidade de utilizar sangue de determinadas pessoas para realizar transfusões noutras, sem que surjam inconvenientes. De facto, caso se utilize sangue de um indivíduo de um determinado grupo numa pessoa de outro grupo, é possível que os glóbulos vermelhos do dador introduzidos na corrente sanguínea do receptor sejam atacados e destruídos por anticorpos presentes no seu plasma, originando uma reacção de incompatibilidade e provocando, em alguns casos, alterações leves e passageiras; porém, noutros casos, podem-se produzir patologias graves que podem colocar em perigo a vida do receptor. É por esse motivo que, hoje em dia, se considera crucial conhecer o grupo sanguíneo do dador e do receptor antes de se proceder a uma transfusão, pois é o único método de assegurar a compatibilidade de ambos e, desta forma, afastar a possibilidade de ocorrerem reacções perigosas à transfusão.

Como é possível identificar inúmeros antigénios na superfície dos glóbulos vermelhos, existem várias classificações, mas as mais importantes correspondem ao sistema ABO e ao factor Rh, que são os tipos sistematicamente investigados antes de se proceder a uma transfusão.

Sistema ABO

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O sistema ABO baseia-se na existência de dois antigénios na superfície dos glóbulos vermelhos, denominados A e B. De acordo com a presença ou ausência de um ou dos dois antigénios, é possível estabelecer quatro grupos sanguíneos diferentes: o grupo A, perante a presença exclusiva de antigénio A; o grupo B, quando apenas existe o antigénio B; o grupo AB, quando estão presentes os dois antigénios; e o grupo O, perante a ausência de ambos.

A ausência de um determinado antigénio na superfície dos glóbulos vermelhos está, ao mesmo tempo, relacionada com a presença no plasma de anticorpos específicos contra os outros tipos sanguíneos, responsáveis pelas reacções de incompatibilidade. Deste modo, no sangue do grupo A, existem anticorpos anti-B; no do grupo B, existem anticorpos anti-A; no do grupo O, existem anticorpos anti-A e anticorpos anti-B; e no do grupo AB, não existe qualquer anticorpo.

Em suma, caso uma pessoa do grupo A receba uma transfusão de sangue do grupo B, os anticorpos anti-B presentes no plasma do receptor reagem contra os glóbulos vermelhos do dador (que contêm o anti-génio B) e destroem-nos, produzindo patologias que podem provocar a própria morte. O mesmo acontece quando é transfundido sangue do grupo A para uma pessoa do grupo B, cujo plasma contém anticorpos anti-A, capazes de destruir os glóbulos vermelhos do sangue recebido. Por outro lado, o facto de uma pessoa do grupo AB ser transfundida com sangue de outro tipo não provocará grandes problemas, porque como esta não possui qualquer anticorpo, os glóbulos vermelhos recebidos não serão atacados; é possível que os anticorpos presentes no sangue do dador reajam contra os glóbulos vermelhos do receptor, mas como estes se diluem na corrente circulatória não provocam quaisquer prejuízos. É por isso que uma pessoa do grupo AB é, normalmente, denominada "receptor universal". Pelo contrário, uma pessoa do grupo O não pode receber sangue de ninguém de outro grupo, porque existem no seu plasma anticorpos que atacarão os glóbulos vermelhos transfundidos (que dispõem de antigénio A, de antigénio B ou de ambos). De qualquer forma, como os glóbulos vermelhos do grupo O não contém antigénios de qualquer tipo, podem ser transfundidos a pessoas de outros grupos sem qualquer risco de serem destruídos: embora sejam, ao mesmo tempo, transfundidos anticorpos anti-A e anti-B, estes não provocam quaisquer problemas, pois diluem-se na corrente circulatória do receptor. É por este motivo que normalmente se considera a pessoa do grupo O como "dador universal".

Factor Rh

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O sistema Rh depende da presença ou ausência de outros antigénios de superfície nos glóbulos vermelhos, entre os quais o mais importante denomina-se antigénio D: aproximadamente cerca de 85% das pessoas têm este antigénio, sendo consideradas Rh positivas (Rh+), enquanto que as restantes que não o apresentam, são denominadas Rh negativas (Rh-). Ao contrário do que ocorre com o ABO, a ausência do antigénio D nas pessoas Rh- não é acompanhada da existência de anticorpos plasmáticos contra o próprio. Desta forma, é possível praticar uma transfusão onde não exista coincidência de factor Rh, sem que surjam problemas imediatos. De facto, um indivíduo Rh+ pode receber sangue Rh- sem qualquer inconveniente. Mas caso uma pessoa Rh- receba uma transfusão de sangue Rh+, o seu sistema imunitário, ao detectar o antigénio D, produzirá anticorpos anti-D que persistirão indefinidamente no plasma. Como a produção dos anticorpos ainda leva algum tempo, estes não terão efeito imediato, pois quando estiverem constituídos já os efeitos da transfusão terão praticamente desaparecido. Mas, caso se proceda, ao fim de algum tempo, a uma nova transfusão de sangue Rh+, estes anticorpos atacarão os glóbulos vermelhos transfundidos, o que provocará uma perigosa reacção à transfusão.

Informações adicionais

Incompatibilidade Rh materno-fetal

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Caso uma mulher Rh- gere uma criança Rh+, é possível que no momento do parto, ao separar-se da placenta, passem alguns glóbulos vermelhos do feto para a circulação materna. Embora a criança e a mãe não sofram qualquer problema, a mãe poderá ficar excessivamente sensível, pois o seu organismo fabricará anticorpos anti-D que persistirão indefinidamente no seu sangue. Se numa gravidez seguinte a mulher voltar a gerar uma criança Rh+, estes anticorpos chegarão à circulação sanguínea do feto e destruirão os seus glóbulos vermelhos, provocando o que se conhece como eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, uma doença com graves consequências para a criança. Para o prevenir, sempre que se comprove que uma mulher Rh- irá ter um filho Rh+, procede-se à administração de um concentrado de gamaglobulinas com anticorpos anti-D nas primeiras 72 horas seguintes ao parto, garantindo assim a destruição dos glóbulos vermelhos fetais, antes que o organismo materno os detecte e comece a fabricar os seus próprios anticorpos. Desta forma, evita-se que a mulher fique mais sensível e que, eventualmente, haja problemas numa futura gravidez.

Para saber mais consulte o seu Hematologista ou o seu Imuno-Hemoterapista
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