Tromboangeite obliterante
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A tromboangeíte obliterante é uma doença crónica que se caracteriza pela inflamação das artérias de pequeno e médio calibre das extremidades, sendo acompanhada, por vezes, pela inflamação das veias. Embora a sua causa seja desconhecida, é possível observar-se uma incidência particularmente elevada em determinadas famílias, considerando-se assim que possa existir uma predisposição genética para sofrer desta doença. Por outro lado, constatou-se que o consumo de tabaco favorece o seu aparecimento e evolução: a doença afecta, sobretudo, homens entre os 20 e os 40 anos de idade com antecedentes de hábitos tabágicos.À medida que a doença se desenvolve, a inflamação vai progressivamente deteriorando a parede arterial de dentro para fora. Além disso, as lesões da parede arterial são constituídas por trombos, que vão obstruindo a circulação sanguínea - daí a designação de tromboangeíte obliterante.A doença costuma evoluir através de lesões erosivas periódicas. As manifestações mais frequentes são os pés frios e o aparecimento de uma dor aguda e intensa ao caminhar, conhecida como claudicação intermitente, que nestes casos se pode localizar no arco plantar. Inicialmente, ambos os sintomas apresentam-se em momentos de esforço físico, cedendo com a paragem da actividade, mas em fases mais avançadas também podem aparecer em repouso.Uma outra manifestação frequente é a síndrome de Raynaud, que consiste em episódios de mudança repentina da cor das mãos e dos pés que se sucedem de forma sequencial: primeiro, empalidecem; ao fim de alguns segundos, ficam azulados; depois, avermelhados; e, por fim, voltam a adquirir a sua tonalidade normal.Em alguns casos, produzem-se episódios de flebite e tromboflebite, ou seja, a inflamação de uma veia e a formação de trombos no seu interior, respectivamente, que se manifestam através de dores e pelo aparecimento de um cordão de consistência dura que se pode palpar ao longo do trajecto da veia.Caso o processo não seja travado, normalmente, a falta de irrigação sanguínea adequada acaba por afectar os tecidos mais superficiais dos membros inferiores, o que pode provocar o desenvolvimento de úlceras, gangrena e infecções nas zonas cutâneas mais afectadas, normalmente em redor dos tornozelos ou nos dedos dos pés.O tratamento inclui três medidas básicas: não fumar, evitar a exposição ao frio e, durante o aparecimento das lesões erosivas, repouso e administração de anti-inflamatórios. Por vezes, é necessário recorrer a cirurgias para substituir as artérias mais afectadas por segmentos de veias extraídos do próprio paciente. De qualquer forma, este recurso é apenas utilizado em casos muito graves, já que a doença, normalmente, costuma ser controlada com medidas conservadoras.
Arterite temporal
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Esta doença corresponde à inflamação crónica das artérias de grande calibre, que nascem na aorta e que irrigam a cabeça e os membros superiores. A sua designação deve-se ao facto de a sua alteração incidir especialmente nas artérias temporais, que circulam nos dois lados do crânio, por baixo do couro cabeludo.A doença, de causa desconhecida, costuma aparecer a partir dos 50 anos de idade e é mais frequente nas mulheres do que nos homens. Na maioria dos casos, é associada a uma doença auto-imune denominada polimialgia reumática.A manifestação mais habitual é uma dor de cabeça que afecta a metade esquerda ou direita do crânio. Por vezes, também origina uma dor no queixo, especialmente quando se mastiga. Por outro lado, quando as artérias afectadas estão dilatadas e endurecidas, normalmente, consegue-se perceber a sua sinuosidade e sentir a sua excessiva dureza por baixo da pele. Quando a patologia se associa a uma polimialgia reumática, as manifestações próprias desta doença também se evidenciam, ou seja, dores musculares, inflamação e rigidez articular.O tratamento consiste na administração de anti-inflamatórios do tipo corticosteróides, por vezes durante longos períodos de tempo.
Arterite de Takayasu
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Esta doença caracteriza-se pela inflamação crónica da aorta e dos seus principais ramos e, embora não seja muito frequente, afecta em especial mulheres jovens.A evolução da doença, de causa desconhecida, provoca lesões erosivas, apesar de as manifestações iniciais serem muito comuns: febre, suores nocturnos, dores articulares difusas e erupções cutâneas. Nas fases mais avançadas, costumam aparecer as manifestações específicas da inflamação arterial, como dores nas pernas, nos braços e no queixo. A inflamação e a dilatação da aorta, regra geral, acabam por provocar hipertensão arterial. Caso afecte as artérias coronárias, pode originar episódios recorrentes de angina de peito ou enfarte do miocárdio, o que complica bastante o prognóstico.O tratamento consiste basicamente na administração de anti-inflamatórios durante largos períodos de tempo.
Informações adicionais
O médico responde
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Sofro de inflamação crónica nas artérias das pernas e agora apareceu-me uma úlcera no tornozelo. O médico insiste que devo lavar os pés todos os dias para evitar a produção de uma infecção. Por que motivo é tão importante esta recomendação?
As doenças que afectam as artérias dos membros inferiores, como a tromboangeíte obliterante, provocam a diminuição do lúmen arterial, o que reduz o fluxo sanguíneo e, com isso, o envio de oxigénio e nutrientes para os tecidos mais superficiais e periféricos dos membros inferiores, ou seja, a pele e o tecido subcutâneo dos tornozelos e dos pés. Por isso, com o tempo, estes tecidos vão-se debilitando, o que favorece o aparecimento de certas lesões, como a atrofia da pele e fanecas, úlceras e, nos casos mais extremos, gangrena. A boa higiene diária dos pés, ou seja, a cuidadosa lavagem com abundante água e sabão, seguida da sua delicada secagem, pode prevenir o desenvolvimento de processos infecciosos de difícil tratamento.
Fenómeno, doença e síndrome de Raynaud
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O fenómeno de Raynaud consiste na repetição de episódios em que a cor das mãos, e por vezes dos pés, sofre uma série de alterações sequenciais originadas por modificações do calibre dos capilares sanguíneos. No início das crises, as mãos tornam-se pálidas, depois azuladas, mais tarde vermelhas e, por fim, voltam a adoptar a sua cor normal. Normalmente, este tipo de crise, que se repete com alguma frequência, costuma desencadear-se quando as mãos são expostas a um ambiente frio ou quando são submersas em água fria. Inicialmente, os episódios costumam durar alguns segundos ou poucos minutos. Por outro lado, com a passagem dos anos, a fase de palidez pode manter-se por muito mais tempo, favorecendo o aparecimento de algumas complicações, devido à falta de irrigação sanguínea, tais como úlceras e necrose da última falange de um dedo.
Quando aparece em pessoas saudáveis, normalmente em mulheres jovens, este fenómeno, de causa desconhecida, classifica-se como doença de Raynaud. No entanto, esta doença surge, muitas vezes, como manifestação de outras doenças: febre reumática, lúpus eritematoso disseminado ou tromboangeíte obliterante, sendo nestes casos denominada como síndrome de Raynaud.
O tratamento, além do correspondente à possível doença causadora, consiste em prevenir o contacto com água fria e evitar as baixas temperaturas ambientais.