Definição
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A hipertensão arterial corresponde à persistente subida da pressão arterial acima dos seus valores normais. Considera-se, por exemplo, que os limites superiores normais da pressão arterial numa pessoa adulta rondam os 140 mm Hg de máxima (pressão diastólica) e os 90 mm Hg de mínima (pressão diastólica). Acima destes valores existe hipertensão arterial; tratando-se de um paciente diabético, o valor limite é de 130/85 mm Hg. Uma vez diagnosticado, o paciente hipertenso tem de ser tratado durante toda a vida.
Ainda assim, e tendo como referência as recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre o assunto, pode-se considerar o seguinte: os valores compreendidos entre 140-160 de pressão sistólica e 90-100 de pressão diastólica correspondem a hipertensão ligeira; entre 160-180 (pressão sistólica) e 100-110 (pressão diastólica), a hipertensão é considerada moderada; acima de 180 de pressão sistólica e 110 de pressão diastólica fala-se de hipertensão grave. Por outro lado, os indivíduos com valores compreendidos entre 130-140 (pressão sistólica) e 85-90 (pressão diastólica) são já considerados de risco para desenvolver hipertensão ou pré-hipertensos.
Obviamente, em cada caso, antes de considerar se o paciente sofre ou não de hipertensão, o médico terá em conta a sua idade, já que valores alarmantes num adulto jovem podem ser normais num idoso, enquanto que em crianças o problema apresenta-se perante valores muito mais inferiores.
O facto de a nossa alimentação ser tradicionalmente rica em sal, de a nossa população ser das mais sedentárias da Europa e de o número de pacientes com síndrome metabólica (obesidade, dispilidemia e diabetes) ter aumentado consideravelmente na última década são os principais factores que contribuem para o aumento do número de hipertensos.
Causas
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Como a pressão arterial depende do delicado equilíbrio entre os inúmeros mecanismos responsáveis pela sua regulação, as causas da hipertensão arterial podem ser muito variadas. De qualquer forma, na grande maioria dos casos, não se pode precisar com exactidão o motivo concreto, enquanto que apenas numa reduzida parte das situações se pode determinar com clareza a sua origem, sendo por isso possível distinguir duas formas de hipertensão: a primária e a secundária.
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Hipertensão primária ou essencial. Cerca de 90 a 95% dos casos de hipertensão arterial não têm uma origem clara, ou seja, desconhece-se a sua causa íntima, o motivo inicial que desencadeia a falha global do conjunto de mecanismos reguladores e que determina a subida crónica dos valores da pressão arterial. No entanto, é possível identificar, através de inúmeros estudos, vários factores que actuam como condicionantes ou predisponentes. Antes de mais, considera-se que pode existir uma predisposição hereditária para a forma de hipertensão arterial, como demonstra a elevada incidência da doença em determinadas famílias, significativamente mais elevada e constante do que na população em geral.
Por outro lado, constatou-se que a hipertensão arterial é mais frequente entre as pessoas obesas, estabelecendo-se até uma relação directa entre o considerável excesso de peso e a doença. De qualquer forma, pensa-se que a doença é mais comum em quem consome, na alimentação quotidiana, uma elevada quantidade de sal e pode-se afirmar que a incidência de hipertensão é maior entre os fumadores, entre os alcoólicos e nas pessoas com uma vida stressante, sendo por isso que a hipertensão predomina nas sociedades industrializadas, o que justifica a sua inclusão nas denominadas "doenças da civilização".
Convém realçar que a coincidência de dois ou mais factores de risco - excesso de peso, elevado consumo de sal, tabaco, álcool e stress - aumenta significativamente o possível desenvolvimento de uma hipertensão arterial primária.
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Hipertensão arterial secundária. Apenas em cerca de 5 a 10% dos casos consegue-se identificar uma patologia responsável pela hiper-tensão. Existem inúmeras doenças que, ao incidirem directamente sobre algum dos mecanismos reguladores da pressão arterial, provocam a sua subida como, por exemplo, uma doença renal, já que o rim desempenha um importante papel no controlo da pressão arterial: insuficiência renal, tumores do rim, alterações dos vasos que irrigam o rim, malformações congénitas, lesões causadas por uma inflamação ou uma infecção, etc. Também pode acontecer que a sua origem se deva a uma alteração endócrina, já que existem várias hormonas que participam na modulação da pressão arterial: doenças das glândulas supra-renais acompanhadas por uma exagerada produção de aldosterona (hiperaldosteronismo), de glucocorticóides (síndrome de Cushing) ou de catecolaminas (feocromocitoma), patologias funcionais das glândulas tiróide e paratiróide, etc. Para além disso, a anomalia causadora pode corres-ponder a uma malformação ou de-feito da artéria aorta (coarctação da aorta, insuficiência aórtica), a problemas neurológicos (tumores cerebrais, hemorragias cerebrais, traumatismos cranianos) e outras doenças de vários tipos. Por último, embora a lista pudesse ser mais ampla, existem casos em que a hipertensão se associa à administração de determinados medicamentos (contraceptivos hormonais, antidepressivos, corticóides), à ingestão de tóxicos (chumbo, mercúrio) e à gravidez.
Manifestações
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A hipertensão arterial caracteriza-se pela ausência de sintomas, visto que a grande maioria dos indivíduos afectados não apresenta, a menos que surja uma complicação aguda, nenhuma mazela derivada dos elevados valores de tensão arterial. Contudo, é possível efectuar o seu diagnóstico quando se mede periodicamente a pressão arterial num exame regular de saúde ou numa visita médica motivada por um outro problema, o que justifica a sua prática sempre que se vá ao médico, independentemente do motivo da consulta.
Quando origina manifestações, a mais comum é a cefaleia, ou seja, dores de cabeça. Costuma surgir ao despertar (cefaleia matinal) e a dor situa-se normalmente na parte posterior do crânio, cedendo ao fim de algumas horas. Também se podem manifestar náuseas, sobretudo ao adoptar a posição vertical, e alterações do equilíbrio, por vezes acompanhadas de náuseas e vómitos. Noutros casos, a pessoa hipertensa demonstra uma particular sensação de cansaço e debilidade muscular, ocasionalmente aliada a alguma dificuldade respiratória.
Com menor frequência, é possível que o aumento da pressão arterial provoque hemorragias que se exteriorizem pelo nariz (epistaxe), na urina ou com tosse.
Complicações
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O aumento persistente da pressão arterial tende a provocar lesões, a médio ou longo prazo, nas paredes das artérias de pequeno e médio calibre, dando origem ao endurecimento dos vasos, favorecendo a formação de placas ateromatosas, com a consequente diminuição do fluxo sanguíneo nos territórios por elas irrigados, bem como um risco acrescido de hemorragias. Estas alterações podem ocorrer ao longo de toda a rede arterial, mas é importante destacar as complicações dos órgãos-alvo: os rins, o coração, o cérebro e os olhos.
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Complicações renais. A lesão das artérias que transportam o sangue para os rins implica a progressiva insuficiência funcional destes órgãos, até ao ponto de aproximadamente 10% dos pacientes acabar por apresentar uma insuficiência renal, sendo esta uma grave doença que requer a filtração periódica do sangue por um rim artificial (a hemodiálise) e que apenas pode ser definitivamente solucionada com um transplante. Para além disso, a própria lesão renal supõe uma maior retenção de água e sais (razão pela qual costuma manifestar-se através da acumulação de líquidos nos tecidos ou edemas), com o consequente aumento do volume de sangue, um maior esforço do co-ração e, em definitivo, um maior aumento da pressão arterial. Um ciclo vicioso que apenas pode ser interrompido com o oportuno tratamento da hipertensão.
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Complicações a nível cardíaco. Perante o aumento da pressão arterial, o coração ao submeter-se à sobrecarga de trabalho, acaba por responder automaticamente com o espessamento ou hipertrofia do miocárdio (músculo cardíaco), com o objectivo de garantir a correcta circulação. De qualquer forma, este mecanismo de compensação tem um limite, que ao ser superado o ventrículo esquerdo já não é capaz de bombear para a rede arterial todo o volume de sangue que recebe, o que provoca o desenvolvimento de uma insuficiência cardíaca, com todas as suas manifestações e repercussões características.
Por outro lado, a hipertensão arterial apresenta-se como um dos factores de risco da doença coronária, ou seja, a lesão das artérias que irrigam o coração, podendo manifestar-se sob a forma de angina de peito, enfarte do miocárdio ou morte súbita. A doença coronária e a insuficiência cardíaca - ambas consequência da hipertensão arterial -- constituem duas causas de extrema importância no que diz respeito à mortalidade e à morbilidade.
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Complicações a nível cerebral. A hipertensão arterial provoca importantes alterações na circulação cerebral, até ao ponto de inúmeros sectores deixarem de receber a adequada irrigação (isquemia), o que vai originar, por sua vez, uma série de manifestações que se podem englobar no conceito "encefalopatia hipertensiva": dor de cabeça, náuseas e vertigens, perturbações visuais, alterações da sensibilidade, dificuldades motoras, alterações do estado de consciência e convulsões. As crises hipertensivas precisam de ser tratadas rapidamente - caso contrário, poderão verificar-se repercussões muito graves. Uma emergência hipertensiva pode, para além do estado de coma, provocar acidentes vasculares cerebrais, quer de tipo isquémico, devido a um fenómeno tromboembólico, quer de tipo hemorrágico. Uma elevada percentagem destas complicações coloca em risco a vida dos indivíduos afectados, enquanto que noutros casos verifica-se a permanência de sequelas que dão origem a repercussões muito negativas na sua qualidade de vida.
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Complicações a nível ocular. As pequenas artérias da retina, membrana nervosa na zona posterior do globo ocular, sofrem uma grave deterioração em consequência da pressão arterial elevada, a qual pode ser observada utilizando o oftalmoscópio. O envolvimento dos vasos da retina constitui uma complicação denominada "retinopatia hipertensiva", sendo esta caracterizada pela diminuição da acuidade visual que, nos casos mais graves, pode conduzir à cegueira total.
Caso a hipertensão arterial não seja devidamente controlada, pode conduzir a uma insuficiência renal.
Diagnóstico
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O diagnóstico de hipertensão arterial é efectuado através da medição da pressão arterial e do registo de valores persistentemente elevados. Uma vez estabelecido o diagnóstico, o hipertenso deve cumprir a terapêutica médica indicada durante toda a vida. Por isso, e tendo em conta que os valores de pressão arterial podem sofrer grandes oscilações ao longo do dia, assim como perante inúmeras circunstâncias ambientais, a realização de uma única medição, mesmo com valores anormais, não é suficiente para estabelecer o diagnóstico. Na verdade, para determinar se uma pessoa sofre de hipertensão arterial, considera-se que esta tem de obter resultados anormais em pelo menos duas medições separadas entre si por uma semana, no mínimo, ou ao fim de três medições num período de quatro semanas. Se as medições se realizarem em condições normais e se os resultados em todas elas apresentarem valores claramente superiores aos estabelecidos como normais, o paciente certamente sofre de hipertensão. Caso os resultados não sejam tão claros, o que pode ocorrer em casos de hipertensão limítrofe, o médico decidirá, conforme os casos, a necessidade de se efectuar o controlo da pressão arterial ao longo de um determinado período de tempo, para pôr fim a todas as dúvidas.
Quando se estabelece o diagnóstico de hipertensão arterial, o médico costuma solicitar análises ao sangue, radiografias ao tórax e electrocardiogramas para comprovar o estado do coração, e eventualmente outros exames, muito diversos, de forma a encontrar a possível causa da patologia. Assim sendo, o médico poderá estabelecer se se trata de uma hipertensão primária, a forma mais comum, ou uma hipertensão secundária, cujo tratamento vai depender, sem dúvida, da doença responsável.
Tratamento
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Sendo a hipertensão arterial uma doença crónica e uma vez que, na maioria dos casos, não se chega a saber qual a sua causa - sendo esta denominada de hipertensão arterial primária, a qual corresponde a mais de 90% de todos os casos diagnosticados de hipertensão -, a terapêutica instituída vai ser igualmente perpétua. Apenas se consegue curar uma pequena percentagem de todos os pacientes com hipertensão arterial secundária.
De qualquer forma, hoje em dia, os médicos contam com inúmeros recursos com vista à manutenção dos valores da pressão arterial dentro dos limites normais, prevenindo desta forma as graves complicações.
Medidas gerais. Existem determinadas medidas dietéticas e hábitos de vida que, só por si, podem permitir o controlo da hipertensão arterial ligeira e que, nos restantes casos, podem constituir um complemento à medicação receitada pelo médico. Entre as principais recomendações, é importante destacar as dietéticas como, por exemplo, uma dieta hipossalina mais rigorosa, de acordo com as indicações do médico, ou então, caso o paciente apresente excesso de peso, uma dieta hipocalórica com vista ao seu emagrecimento.
Como é óbvio, é igualmente importante fazer os possíveis para evitar os outros factores de risco: por exemplo, não fumar, fazer regularmente exercício físico e evitar as situações de stress, recorrendo a técnicas de relaxamento ou a apoio psicoterapêutico, caso seja considerado oportuno. É fundamental não esquecer a importância do exercício físico regular.
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Medicamentos. Existem inúmeros medicamentos que se podem utilizar com êxito, por vezes combinados entre si, no controlo da pressão arterial. Os tipos de medicamentos com efeitos hipotensores são muito variados, na medida em que apresentam diversos mecanismos de acção, e a sua escolha é feita pelo médico em função das características de cada paciente. Em seguida, são mencionados alguns dos grupos de medicamentos mais utilizados.
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Diuréticos. A acção destes medicamentos provoca uma maior eliminação renal de água e sais, o que leva a uma diminuição do volume de sangue circulante e, por fim, da pressão arterial. Os medicamentos incluídos neste grupo são muito variados e actuam sobre várias partes do rim.
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Bloqueadores beta-adrenérgicos. Estes medicamentos evitam os estímulos provenientes do sistema nervoso autónomo. Entre outros efeitos, provocam, em primeiro lugar, a diminuição do débito cardíaco e, posteriormente, a dilatação das artérias de pequeno e médio calibre, o que acaba por contribuir para a descida da pressão arterial.
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Bloqueadores alfa-adrenérgicos. Estes produtos têm uma acção semelhante aos descritos anteriormente, mas como apenas actuam sobre as artérias, não diminuem o trabalho do coração e, por vezes, até podem aumentar a frequência cardíaca.
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Vasodilatadores. Estes medicamentos actuam directamente sobre as artérias de pequeno e médio calibre, provocando a sua dilatação e a consequente descida da pressão arterial. Normalmente, são ingeridos por via oral, mas também podem, em casos de crise hipertensiva que necessite da rápida redução dos valores da pressão, ser administrados por via endovenosa.
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Inibidores da enzima de conversão da angiotensina. Estes medicamentos baseiam a sua acção na inibição da actividade da angiotensina II, uma substância produzida quando a renina, uma hormona elaborada pelos rins, é estimulada. A angiotensina II apresenta um claro efeito hipertensor, na medida em que provoca uma intensa vasoconstrição periférica e estimula a produção de aldosterona, uma hormona que proporciona a retenção de água e sais nos rins. Por esta razão, sempre que se neutralize a actividade da angiotensina II, obtém-se um efeito hipotensor.
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Antagonistas do cálcio. São medicamentos que actuam sobre a musculatura das paredes das artérias de pequeno e médio calibre, bloqueando os canais de cálcio, cuja actividade é fundamental para a contracção muscular. Desta forma, evita-se a constrição das ditas artérias, o que permite uma vasodilatação periférica e a consequente descida da pressão arterial.
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Medicamentos que actuam sobre o sistema nervoso central. Existem vários medicamentos que se incluem neste grupo, alguns deles caracterizam-se pelo seu efeito sedativo e outros por uma acção reguladora do sistema nervoso e da sua influência sobre os mecanismos que controlam a pressão arterial.
Consultas de vigilância
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Quando se faz o diagnóstico de hipertensão arterial, é primordial associar o tratamento farmacológico a recomendações que promovam a modificação do estilo de vida (exercício físico, dieta hipossalina, perda de peso em caso de obesidade, técnicas de relaxamento e estratégias de redução do stress, etc.). O paciente deve ainda ser informado acerca das consequências do não cumprimento da terapêutica e educado para a necessidade de medição e registo da pressão arterial em ambulatório. Em cada consulta, o paciente poderá informar o médico sobre o seu estado e comentar eventuais problemas que tenham surgido durante a terapêutica indicada. Por outro lado, o médico aproveitará para medir a tensão arterial e efectuar uma avaliação física geral, com especial atenção para a auscultação cardíaca. Para além disso, periodicamente, o médico deve solicitar ao paciente a realização de alguns exames complementares, como análises ao sangue e à urina, radiografias ao tórax (para comprovar o tamanho do coração), retinopatia (para observar os pequenos vasos da retina) e eventualmente outros exames, privilegiando sempre os órgãos-alvo. Através dos dados obtidos destes exames, o médico poderá avaliar a evolução do estado do paciente e verificar a eficácia do tratamento e, caso seja necessário, introduzir as modificações pertinentes para garantir que a pressão arterial se mantenha dentro dos limites normais. A periodicidade das consultas e da medição, assim como do registo da pressão arterial em ambulatório, deve ser determinada pelo médico, sendo fundamental o cumprimento das suas recomendações.
Prevenção
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É muito difícil estabelecer um tratamento específico para a cura desta patologia, na medida em que se desconhece a sua origem. No entanto, existe uma série de medidas preventivas da hipertensão arterial:
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Moderação no consumo de sal. O sal comum, cloreto de sódio, para além de estar presente em muitos dos alimentos que consumimos, também costuma ser adicionado na preparação das refeições e, até mesmo, como condimento quando o prato já está servido na mesa. Na verdade, constatou-se uma relação entre o consumo elevado de sal e o risco de se sofrer de hipertensão arterial, tendo em conta que o sódio presente no sal possui a particularidade de se associar à água, provocando o aumento do volume de sangue circulante, o que em pessoas com alguma predisposição pode ser suficiente para o aumento dos valores da pressão arterial. Ao longo de um tratamento contra a hipertensão, o médico pode indicar uma dieta hipossalina mais ou menos rigorosa, cujo cumprimento deve ser respeitado na íntegra. No entanto, do ponto de vista preventivo, não é necessária tanta restrição, pois basta evitar o exagerado consumo de sal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, recomenda-se que a população em geral deve limitar o consumo de sal a 5 g por dia. Não é preciso eliminar completamente o sal, apenas tem que haver alguma prudência na sua utilização como, por exemplo, aprender a utilizar outros condimentos para dar sabor à comida e, sobretudo, retirar o saleiro da mesa às refeições, mas também moderar o consumo de alimentos muito ricos em sal, como enchidos, conservas, queijos, carnes ou peixes salgados, guisados, mariscos, produtos elaborados industrialmente, entre outros.
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Manter o peso adequado. De acordo com estudos efectuados, o risco de desenvolvimento de hipertensão arterial é dez vezes superior nas pessoas obesas do que nas pessoas que mantém um peso próximo do ideal para a sua idade, sexo, altura e constituição física. Por isso, a redução do peso, basicamente através de uma dieta hipocalórica, é um dos primeiros conselhos que o médico dá a um paciente obeso com hipertensão, mas é um conselho igualmente válido para a população em geral, como prevenção, porque para além de reduzir o risco de se vir a sofrer de hipertensão, evitam-se outros perigos associados ao excesso de peso.
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Não fumar. Entre os efeitos da nicotina destaca-se o aumento da frequência cardíaca e a contracção das pequenas artérias, factos que provocam o aumento dos valores da pressão arterial. Para além disso, a associação de hipertensão arterial e tabaco é bastante prejudicial para o estado das artérias, pois provoca o desenvolvimento da arteriosclerose e das suas possíveis complicações, entre as quais destacam-se o enfarte do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais. Como é óbvio, todas as pessoas com hipertensão devem deixar de fumar e, quando não o conseguem fazer sozinhas, devem solicitar a ajuda do médico, mas este é um conselho válido para a população em geral.
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Moderação no consumo de álcool. O consumo moderado de bebidas alcoólicas tem um efeito favorável sobre a pressão arterial e saúde cardiovascular em geral. No entanto, quando o seu consumo é excessivo pode ser associado a uma maior predisposição para a hipertensão. Uma pessoa hipertensa pode beber um copo de vinho às refeições, mas a moderação no consumo de álcool é um factor que se deve ter sempre em conta, tanto para as pessoas que sofrem de hipertensão como para a população em geral.
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Exercício físico. O exercício físico, para além de favorecer o funcionamento do coração e a circulação sanguínea, diminui os níveis de gordura no sangue, melhora a oxigenação, etc. Para além disso, tem outro efeito muito benéfico, porque trabalha, através de algo semelhante a um treino, os mecanismos encarregues de regular a pressão arterial e, por isso, é recomendável tanto para as pessoas que sofrem de hipertensão como para a população em geral. Os melhores exercícios são os dinâmicos como, por exemplo, andar, correr, nadar, andar de bicicleta, jogar ténis...; por outro lado, os exercícios estáticos, como o levantamento de pesos, não são convenientes para uma pessoa com tendência para a hipertensão. Contudo, apenas se retiram efeitos benéficos do exercício, se forem respeitadas as normas básicas, ou seja, desde que seja moderado e praticado com regularidade.
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Evitar o stress. Como se sabe, as situações de stress, a ansiedade e eventuais conflitos emocionais podem provocar a subida da pressão arterial, devendo por isso ser evitadas. Como é óbvio, trata-se de uma recomendação fácil de anunciar, mas por vezes muito difícil de cumprir, devido à personalidade de cada um, à sua actividade profissional, à sua situação familiar, entre outras razões. De qualquer forma, é muito importante fazer o possível para levar uma vida o mais tranquila possível, sem sobressaltos, e procurar ajuda sempre que esta seja necessária. Existem diversas técnicas de relaxamento que podem ser de grande utilidade, pois a sua prática favorece um melhor controlo da pressão arterial.
Informações adicionais
Frequência
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A hipertensão arterial é uma das doenças crónicas mais comuns em todo o mundo, sobretudo nos países mais desenvolvidos, onde se calcula que atinja cerca de 15 a 20% da população adulta. Contudo, as estatísticas disponíveis apenas evidenciam os casos diagnosticados. Isto significa que, sendo a hipertensão arterial uma doença silenciosa, muitos outros casos estarão certamente por diagnosticar. Por esse motivo, os mesmos estudos demonstram que cerca de metade das pessoas hipertensas ignoram a sua condição, com o perigo que isso representa para a sua saúde, tendo em conta os prejuízos progressivos que a elevada pressão arterial provoca em todo o sistema cardiovascular e com repercussões bastante graves, a médio e longo prazo, a nível da retina, dos rins e do sistema nervoso central. Em Portugal, constitui mesmo a principal causa de acidentes vasculares cerebrais.
Graus da hipertensão arterial
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O perigo da hipertensão arterial está directamente relacionado com a sua gravidade.
É possível diferenciar três graus de gravidade:
•Hipertensão ligeira, quando a pressão mínima ou diastólica apresenta valores compreendidos entre os 90 e os 100 mm Hg.
•Hipertensão moderada, quando os ditos valores se situam entre os 100 e os 110 mm Hg.
•Hipertensão grave, quando a pressão mínima supera os 110 mm Hg.
Tratamento personalizado
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Hoje em dia, os médicos contam com inúmeros medicamentos úteis no combate à hipertensão arterial e também com uma série de recomendações sobre as regras de eleição dos mesmos, provenientes de diversos organismos de saúde. No entanto, ao contrário do que acontece com outras patologias, cujo tratamento se baseia em linhas muito claras e concretas, a hipertensão arterial exige de cada médico um maior esforço para aproveitar da melhor forma os recursos disponíveis especificamente para cada paciente. Conforme os casos, é preciso ajustar os medicamentos selecciona-dos às necessidades de cada paciente e à própria evolução da doença. É preciso ter em conta que se trata de um tratamento prolongado e que o médico deve ponderar os benefícios de cada medicamento e os efeitos adversos que produz, devendo de-terminar as doses mais ajustadas para conseguir os maiores benefícios, detectar se um medicamento deixa de ser eficaz para o substituir por outro, entre outras coisas.
Por fim, como não é uma actuação médica automática, por um lado, requer a entrega do profissional e, por outro lado, a máxima colaboração do paciente. Nesta situação, tal como em todas as doenças crónicas, o esclarecimento e a disciplina do paciente, bem como a relação médico-paciente, são um valioso recurso para obter os máximos benefícios da terapêutica.
Diagnóstico precoce
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Pode-se afirmar que a acção preventiva mais eficaz contra a hipertensão arterial corresponde à detecção precoce do problema, pois a partir do momento em que se conhece a sua existência poderão ser tomadas as medidas adequadas para manter sob controlo os valores da pressão arterial e evitar complicações que possam surgir imprevisivelmente e prejudicar a qualidade de vida ou ter consequências fatais. Por isso, considera-se fundamental que toda a população, sobretudo a partir dos 30 anos, mesmo perante a ausência de quaisquer sinais ou sintomas, se submeta, uma vez por ano, ou no máximo de dois em dois anos, a uma consulta médica, incluindo a medição e registo da pressão arterial.