Fisiologia do sistema cardiocirculatorio

O sangue bombeado pelo coração, para poder chegar a todos os tecidos, deve circular através das artérias, com uma determinada força, o que é garantido por um sofisticado sistema regulador que adapta os valores da pressão arterial às suas necessidades.

O que é a pressão arterial?

Topo

A pressão arterial pode ser definida como a força que o sangue, impulsionado pelo coração, exerce contra as paredes das artérias por onde circula, uma pressão indispensável para que este possa circular até aos capilares e alcançar todos os tecidos periféricos.

O aparelho cardiovascular é um sistema fechado, através do qual o sangue circula de maneira praticamente constante graças à acção impulsionadora do coração. De qualquer forma, o coração actua a um ritmo básico de 60 a 80 impulsos por minuto. Em cada batimento, o ventrículo esquerdo envia para a artéria aorta uma determinada quantidade de sangue que, através de múltiplas ramificações arteriais, chega até todos os tecidos do organismo.

A aorta, como todas as artérias de grande calibre, tem paredes muito elásticas, o que permite a sua dilatação quando recebe um volume de sangue proveniente do coração, para logo recuperar progressivamente o seu calibre anterior, impulsionando dessa forma o sangue para a frente. Assim, e à medida que avança pelas artérias, o sangue segue num ritmo contínuo. Nesta fase, as artérias provenientes da aorta vão-se ramificando em vasos cada vez de menor calibre, o que aumenta lentamente o leito vascular. Por outro lado, o facto de os vasos sanguíneos irem diminuindo progressivamente de diâmetro faz com que a resistência à passagem do sangue aumente. De facto, a pressão arterial é a força que o sangue bombeado pelo coração exerce contra as paredes arteriais, força essa necessária para que o sangue avance pelos vasos cada vez mais estenosados que colocam uma certa resistência à sua passagem. Além disso, qualquer alteração do diâmetro das pequenas arteríolas periféricas, quer seja uma contracção (vasoconstrição) ou uma dilatação (vasodilatação), provoca alterações na pressão arterial, visto que o coração responde bombeando o sangue, respectivamente, com maior ou menor força nas suas contracções.

Pode-se considerar, por isso, que a pressão arterial depende de dois factores básicos:

•O débito cardíaco, ou seja, a quantidade de sangue bombeado pelo ventrículo esquerdo, por minuto, para as artérias, dependendo esta do volume de sangue circulante, da frequência cardíaca e do grau de contracção do miocárdio (força contráctil).

•A resistência vascular periférica, ou seja, a oposição dos vasos sanguíneos, que podem estar mais ou menos contraídos ou dilatados, à circulação do sangue.

Mecanismos de regulação

Topo

Existem complexos mecanismos de regulação que permitem adaptar a pressão arterial às necessidades fisiológicas de cada momento, assegurando assim os valores mais correctos para que o fluxo sanguíneo chegue a todos os territórios do organismo. Basicamente, estes mecanismos modificam, de uma forma ou de outra, os dois parâmetros básicos que mantêm a pressão arterial, o débito cardíaco e a resistência vascular periférica. Deste modo, a pressão arterial sobe perante um aumento do débito cardíaco ou quando se produz uma vasoconstrição periférica (contracção das pequenas artérias) e desce quando o débito cardíaco diminui ou quando se produz uma vasodilatação periférica (dilatação das pequenas artérias).

Tipos. Existem alguns mecanismos reguladores de acção rápida, que se activam em poucos segundos e em poucos minutos tentam normalizar a situação. É o caso dos barorreceptores, terminações nervosas especialmente sensíveis às variações de pressão no interior da aorta e das artérias carótidas. Próximo dos anteriores, existem outros receptores especiais, os quimiorreceptores, estimulados caso detectem urna redução da concentração de oxigénio ou volume de sangue circulante, provocando indirectamente o aumento da força contráctil e frequência cardíaca.

Existem outros mecanismos reguladores que têm, por outro lado, uma acção mais lenta, embora com efeitos mais prolongados. Os principais rodeiam o rim, órgão encarregue de filtrar o sangue e, por isso, muito sensível perante a diminuição do fluxo sanguíneo que lhe chega. Caso se produza uma grande descida da pressão arterial, que leve a uma diminuição da perfusão, as células especializadas do rim segregam para o sangue uma hormona denominada renina. Esta hormona activa um precursor denominado angiotensinogénio, que se transforma, após reacções bioquímicas catalizadas pela enzima de conversão, em angiotensina II, um potente vasoconstritor periférico, que provoca a contracção das pequenas arteríolas e o aumento da pressão arterial. Para além disso, a angiotensina II estimula as glândulas supra-renais a produzir outra hormona, denominada aldosterona.

Todos estes mecanismos resumidos previamente interagem entre si e constituem um complexo sistema de regulação da pressão arterial, um sistema que, infelizmente, falha muitas vezes, dando origem a desvios dos valores normais da pressão arterial, quer seja a sua persistente subida (a hipertensão arterial) ou a sua considerável diminuição (a hipotensão arterial).

Informações adicionais

Pressão arterial sistólica ou diastólica

Topo

A pressão arterial não é uniforme, pois ao longo do ciclo cardíaco sofre certas oscilações – daí que, para se referir aos seus valores, se faça referência a dois parâmetros:

•À pressão arterial máxima ou sistólica que corresponde ao momento em que o ventrículo esquerdo bombeia o seu conteúdo para a aorta (sístole): a grande artéria acolhe subitamente uma considerável quantidade de sangue, o que faz com que a pressão no seu interior atinja o valor máximo, que em condições de repouso é de cerca de 120 a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio).

•À pressão arterial mínima ou diastólica que corresponde ao momento em que o ventrículo esquerdo está a encher-se de sangue (diástole): a elasticidade das paredes da aorta faz com que a artéria impulsione o sangue para os vasos periféricos e, assim, a pressão no seu interior atinge o valor mínimo de aproximadamente 80 mm Hg.

Para saber mais consulte o seu Médico de Medicina Geral
Este artigo foi útil?
Artigos relacionados
Procurar Médicos
Precisa de ajuda?
Porque perguntamos?
MÉDICOS DE MEDICINA GERALVer todos
Dor lombar e ciática Aparelho locomotor/exercício físico
Dor cervical Aparelho locomotor/exercício físico
Artrose Aparelho locomotor/exercício físico
Nódulos e pólipos das cordas vocais Aparelho respiratório/glândulas endócrinas
Lesões dos meniscos Aparelho locomotor/exercício físico
Tumores benignos do ovário Aparelho reprodutor/sexualidade